Nem sempre penso em mim,
as vezes penso no avesso da ordem;
então sinto minhas asas se agitarem
e por um instante me vejo novamente nos ares.
Ainda posso ouvir o grito dos ciprestes,
e a doce melodia das Ondinas.
Ainda posso sentir o toque das eras passadas
e o remoer da velha filosofia esquecida.
Nas noites, Fênix ainda deixa seu rastro nas alturas,
e vez por outra meus olhos gotejam lágrimas de saudade...
combati no combate das grandes almas,
e hoje esquecido, apenas rabisco minha vida em preto e branco.
Mas, ainda tenho esperança que tempos maravilhosos virão;
e reerguerão todos os ânimos dos heróis tombados.
Acredito na esperança adormecida,
acredito nas coisas secretas,
que sob o véu do disfarce, sonda a comodidade humana.
Acredito que no coração do mundo o Dragão adormecido,
respira suas próprias labaredas, e que no seio da floresta,
a bela Ninfa ainda colore as flores e perfuma os bosques;
acredito que nos lábios da imensa cachoeira ainda vigore uma grande magia.
E na poeira dos sertões, das patas dos animais desconhecidos,
mistérios se revelam a todo instante em forma de banalidades.
E desabam das nuvens gotas cristalinas de outras instâncias,
e os olhos dos crentes reverenciam uma nova era que se descortinará muito em breve.
Julio Cesar da Costa
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