quinta-feira, 21 de novembro de 2019

                                                       HANS CHRISTIAN ANDERSEN

                                  Biografia do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen

         Mas o que direi da tocante casinha na pequena madorrenta cidade dinamarquesa de Odense, na ilha de Fyn, onde Hans Christian soltou seus primeiros vagidos? Um quarto onde viviam o pai -- um sapateiro remendão -- a mãe e uma ninhada de crianças. Uma pobreza tão grande que, à guisa de lençol, punham-lhe no berço um pedaço de pano, que pouco antes, servira para cobrir o ataúde de um nobre.
        O grande acontecimento(grande para nós) deu-se em 2 de abril de 1805. Onze anos depois os pulmões fracos do sapateiro deixaram de resistir. A mãe ficou só. O seu fardo era demasiadamente pesado, e por isso procurou consolo encontrando-o afinal naquelas garrafas de gim com as quais gastava todo o dinheiro que os vizinhos bondosamente lhe davam, de vez em quando, para sustentar a família.
        Mas a centelha divina, adormecida na alma daquele meninozinho, não podia deixar de brilhar, pois aqueles a quem o bom Deus tocou hão de cumprir seu destino de todos os "handicaps" e indignidades. Em meio a sua pobreza desesperada estava sempre construindo pequenos teatros de bonecos, onde podia representar as peças de Shakespeare e de seu compatriota, o famoso Ludvig Holberg, a quem deram a merecida alcunha de Molière da Escandinávia.
          Ainda muito criança viu-se na necessidade de ganhar a vida. Pretendiam por Hans Christian como aprendiz em casa de um alfaiate, pois o mundo sempre precisará de alfaiates e era um modo de ganhar a vida tão bom ou tão mau ou tão bem como qualquer outro. Mas o menino não quis. Queria ser um cantor de ópera -- nada menos do que isso! -- Um cantor de ópera. Toda cidade riu. Os dinamarqueses gostam muito de rir, não só de seus próprios vizinhos como do mundo em geral. A Dinamarca é um país pequeno e talvez seja esse um meio de que os dinamarqueses lançam mão para se protegerem contra os inimigos, pois todo o país da Europa, que vive pacificamente, contentando-se em tratar de sua vida, sempre tem uma porção de inimigos.
           Quando a criança pode realmente ir até a capital para se apresentar com suas ambições, na porta dos atores do Teatro Real, foi alvo de uma porção de zombarias. Consideraram-no um lunático. Uma espécie de louco inofensivo, mas que não seria bom deixar em liberdade. Foi morar numa água furtada. Passou fome, as continuou a cantar até que a voz mudou. Só então compreendeu que a carreira no palco estava fora de questão.
            Por conseguinte, resolveu tentar ganhar a vida com a outra extremidade de seu grotesco corpo e deixar que os pés exprimissem o que as cordas vocais se recusavam a dizer.
           Como dançarino, Hans Christian falhou, como falhara como tenor. Parecia que só lhe restava mesmo a mesa de alfaiate. Contudo Copenhague, especialmente naquele tempo, era ainda uma pequena cidade e um menino que tinha o aspecto estranho e as aspirações de Andersen facilmente se tornou alvo da curiosidade. O rei Frederico VI, que então devia  conhecer de vista metade de seus fiéis habitantes de Copenhague, interessou-se por ele. Mandou o rapaz para a escola, a fim de ter alguma instrução.
         Ter-se-ia o rapaz aplicado diligentemente aos estudos e aprendido do seu "amo, amas, amat"? Longe disso. Foi o desespero dos professores, prestava muito pouca atenção às lições e perdia tempo escrevendo uma péssima novela, que tinha o extraordinário título de "O Fantasma da Sepultura de Palnatoke".
         Em 1829, Andersen voltou a Copenhague, ainda passando fome mas saboreando, de vez em quando, uma boa refeição em casa de um rico comerciante rico e bondoso, um certo Jonas Collin (os nomes de tão raros benfeitores da humanidade devem se sempre lembrados) que, desde a chegada de Andersen à capital tinha "visto alguma coisa naquele menino". Collin permaneceu amigo dele durante toda sua vida, a despeito de alguns hábitos exasperante de Hans Christian e de certas singularidades que enraiveciam e, ainda chegou a ver o dia em que o mundo teve de confessar que ele estava com a razão.
        Mas ninguém suspeitava quantas qualidades possuía aquele filho de um sapateiro tuberculoso de Odense e de uma ébria. Porque, após publicar uma ou duas novelas de pouco mérito, e de cometer uma porção de asneiras, dando-se ao ridículo, Hans Christian conseguiu finalmente arrancar uma pequena quantia de um rico protetor a fim de poder viajar, ver mundo e conhecer a humanidade.
        Essa espécie de pensão era absurdamente pequena. Comparada com ela uma bolsa de estudos moderna é uma fortuna, mas de um ou de outro modo essas poucas centenas de táleres trouxeram maior recompensa a seu doador do que todos os milhões que agora gastamos com aquelas ambições sem talento, que parecem ser um sub produto de toda democracia bem organizada. Pois, pouco depois de ter Andersen voltado de suas peregrinações (que o levaram até Roma) apareceu um pequeno volume, que continha uma coleção de histórias de fadas. A princípio essas histórias quase passaram despercebidas. Depois, aqui e acolá, algumas pessoas começaram a perguntar umas às outras: -- Já leu a história da "Guardadora de Gansos", a do "Patinho Feio" e aquela do rei que saiu sem as calças? Em breve o livro estava nas mãos de todo o mundo e, repentinamente, a Europa inteira ouviu falar da Dinamarca, porque a Dinamarca produzira aquela raríssima forma de gênio literário -- um homem capaz de escrever "verdadeiras histórias de fadas".
          O resto dessa história incrível é sabido de todos. Os dinamarqueses continuaram a divertir-se imensamente à custa de seu poeta "famoso". As nações pequenas nunca são muito carinhosas para seus grandes homens e Andersen também foi alvo dos escarnecedores de café. Felizmente havia nele um traço de ingênua presunção que o impedia de compreender sua verdadeira situação. Convencido da sua genialidade, conformou-se com essas zombarias, assim como com todas as honras que começavam a chover sobre ele. Por exemplo, gostou muito e sentiu-se profundamente agradecido, mas não surpreso, quando no fim de sua visita à Inglaterra, no ano de 1874, o próprio Charles Dickens em pessoa veio apresentar-lhe as despedidas. Tomava parte em mexericos de café com um sem número de principelhos alemães, ouvia os louvores que lhe teciam as afetadas esposas destes, aceitava condecorações e medalhas, mas absolutamente não se admirava de isso lhe acontecesse. Toda sua vida acreditara em São Nicolau. Que havia de extraordinário em que esse bom santo tivesse chegado um pouco atrasado?
          E assim Andersen passou o resto de seus dias fumando satisfeito o longo cachimbo de porcelana, receando as novas invenções, que perturbavam o mundo pacífico que ele conhecera e amava como uma criança, lendo as novelas que ele mesmo considerava muito melhores do que suas histórias de fadas, sendo bem recebido em todos os lares da mais encantadora e civilizada das cidades. Pelo que sei, ele poderia ter continuado essa vida até os cem anos de idade, mas infelizmente, na idade de sessenta e sete anos apenas, caiu da cama, feriu-se gravemente e morreu três anos depois sem jamais ter recuperado a saúde.

(texto extraído da obra: VIDAS ILUSTRES de autoria de H. VAN LOO)
Postado pelo poeta: Júlio Dalvorine  

         

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

                                                               FRANZ KAFKA

                                                        Biografia de Franz Kafka

        Franz Kafka(1883-1924) foi um escritor tcheco, de língua alemã. Atá hoje considerado um dos principais escritores da literatura mundial moderna. Kafka apresenta em sua escrita, certa ansiedade, alienação, e uma dose acentuada de revolta ao sistema dominante de sua época.
        Nosso escritor nasceu em Praga, e sempre apresentou um modo de ver sua época que o fazia diferenciado de todos os seus contemporâneos. Em sua conhecidíssima obra "A METAMORFOSE", ele retrata um homem alienado, que não consegue sair de seu quarto para ir ao trabalho. Às horas, a rotina, e o patrão, atormentavam de forma monstruosa a personagem principal da história. Que se via no corpo de uma centopeia, e com sua pele gosmenta o tal inseto se debatia com suas muitas perninhas tentando se levantar para cumprir com sua rotina diária de bom funcionário de uma grande e conceituada empresa.
        Filho de Hermann Kafka, rico comerciante, de origem judia e de Dona Julie Kafka. O escritor cresceu influenciado pela cultura judia, tcheca, alemã.
       Na adolescência revelou-se com tendências socialistas e ateias. Formou-se em direito no ano de 1906. Trabalhou numa companhia de seguros mas sua paixão sempre fora a literatura. Seu pai não aprovava tal inclinação inclinação artística e, Kafka sofreu profundamente com isso. Franz fez parte da chamada ESCOLA DE PRAGA e participou de reuniões com grupos anarquistas.
       Em 1917, viu-se obrigado a afastar-se do trabalho devido à uma tuberculose. Sua obra toda foi escrita em alemão, e quase toda ela publicada somente após sua morte. Franz Kafka apresenta um estilo realista, pela crueza e pelo detalhamento com que ilustra situações um tanto incomum. Sua obre "O PROCESSO", de 1925, cuja personagem principal é presa, julgada e executada por um crime que ela mesma desconhecia.
       Suas histórias apresentam constante confronto com o poder instituído de sua época. O escritor viveu praticamente a vida inteira em Praga, exceção feita ao período de novembro de 1923 a março de 1924, passado em Berlim, longe da esmagadora figura do pai, que não reconhecia de jeito nenhum a legitimidade de sua carreira de escritor. A maior parte de sua obra -- contos, novelas, romances, cartas e diários quase passaram desapercebidos em sua época. Kafka faleceu em um sanatório perto de Viena, Áustria, no dia 3 de junho de 1924, um mês antes de completar 41 anos de vida. Seu corpo foi enterrado no cemitério judaico de Praga. Quase desconhecido em vida, o autor de "O PROCESSO", "NA COLÔNIA PENAL", "A METAMORFOSE" e outras tantas obras primas da prosa universal é considerado hoje -- ao lado de Proust e Joyce -- um dos maiores escritores do século XX.

(Poeta: Júlio Dalvorine)
     

domingo, 17 de novembro de 2019

         Olá a todos que visitam ou segue o canal "Arte e Cultura". Sou o poeta Júlio Dalvorine e estou postando pra vocês mais um de meus poemas autorais:


NÃO VENHA MORAR COMIGO

Não venha morar comigo
não saberia lidar com você;
nem tocar em seu corpo
quando a lua refletisse a beleza dos seus olhos.

Não, não venha morar comigo,
não teria toda à calma que você merece;
seus lábios me chamariam docemente,
e feito vento, de repente, eu me perderia em seus braços macios e delicados.

Não, não venha morar comigo,
antes que o sol surgisse eu fugiria feito um lobo selvagem;
e sairia de sua vida por amar demais.
E quando sentássemos ao piano,
minhas lágrimas diriam tudo sobre mim.
Portanto, não; não venha morar comigo,
eu poderia ferir seus sentimentos mais profundos;
e também sair ferido, com muito ódio no coração.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

          Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje vou falar sobre um assunto que julgo de extrema importância para quem pretende ter uma visão mais analítica do ato de ser poeta e de todo o processo inspiratório por que passam esses visionários da arte dos versos.

                                                         A CRIAÇÃO POÉTICA

        A natureza e o significado do ato criador do poeta tem constituído, desde a antiguidade helênica, objeto de aturada reflexão por parte de filósofos, psicólogos e críticos e por parte dos próprios poetas. Para alguns, o ato criador apresenta-se como um fato racionalmente explicável; para outros, aparece como insondável mistério, cujas raízes se perdem no mais recôndito da alma humana ou no impenetrável dos segredos divinos.
        Pretender fixar as linhas de força mais profundas e mais secretas do processo criador é empresa aleatória, mas possuímos elementos que permitem pelo menos um conhecimento descritivo deste mesmo processo: as reflexões e confissões dos próprios criadores, as revelações proporcionadas muitas vezes pela análise das próprias obras poéticas, as cogitações de estetas e de filósofos, os dados fornecidos pelas ciências psicológicas. Uma forte ambiguidade e um esfíngico segredo, porém, hão de envolver sempre a criação poética. Basta apontar um problema para o qual ainda há pouco o grande esteta inglês Harold Osborne chamava a atenção: "todos os fenômenos característicos da inspiração são descritos em termos idênticos pelos bons e pelos maus artistas; e nenhuma investigação psicológica, por mais penetrante que seja, conseguiu discernir as diferenças entre os processos mentais que acompanham a criação de uma obra mestra e as inspirações de um aprendiz de terceira ordem".
        Em primeiro lugar, vamos analisar um aspecto fundamental da criação poética e que se relaciona, podemos dizer, com a ontologia de toda a obra literária.
       Até ao século XVIII, considera-se que toda a criação poética assenta na imitação de uma realidade, de uma natureza interior ou exterior. Na obra de Platão e de Aristóteles, matriz de tantos princípios que tem informado a arte ocidental, encontram-se as primeiras elaborações teor´ticas da concepção imitativa ou mimética da poesia, embora o conceito de mimese em Platão não coincida com idêntico conceito em Aristóteles.
        Em Platão, o vocábulo mimesis apresenta múltiplas gradações de sentido, embora nesta diversidade de acepções possamos descortinar dois significados fundamentais: no livro X da república, a mimese é considerada como um "divertimento, não uma coisa séria", através da qual o artista reproduz a aparência -- não a verdade profunda -- das coisas e dos seres; no Crátilo, a mimese é considerada como decorrente da exigência humana de exprimir por imagens a realidade circundante e, enquanto meio suscetível de apreender as idéias presentes nas coisas, é-lhe atribuído um valor simbólico gnosiológico. É indubitável, todavia, que é o conceito primeiramente referido de mimese que ocupa um lugar central na estética platônica, constituindo mesmo, como ficou dito, um dos elementos determinantes da condenação a que o filósofo sujeita a poesia na República. O pintor, o escultor ou o poeta estão afastado três degraus da verdade e qualquer deles é apenas o terceiro poietes, pois o primeiro é Deus, que criou, por exemplo, a ideia de cama, o segundo é o artífice que fabricou a cama, e o terceiro é enfim o artista que representa esta mesma cama.
         Em Aristóteles, o conceito de mimese desempenha um papel muito importante, quer na caracterização da natureza da poesia, quer na justificação desta última. Na gênese da poesia, segundo Aristóteles, encontra-se a tendência da imitação, congênita no homem: "Parece haver, em geral, duas causas, e duas causas naturais, na gênese da poesia. Uma é que imitar é uma qualidade congênita nos homens, desde a infância (e nisso diferem dos outros animais em serem os mais dados à imitação e em adquirirem, por meio dela, os seus primeiros conhecimentos); a outra, que todas apreciam as imitações". A imitação poética incide sobre "os homens em ação", sobre os caracteres (ethe), as suas paixões (pathe) e as suas ações (praxeis0. Esta imitação, porém, não é uma literal e passiva representação dos aspectos sensíveis da realidade, pois a mimese poética apreende o geral presente nas coisas particulares e por isso mesmo a poesia se aparenta com a filosofia. O poeta é a causa que capta a forma existente nas coisas naturais e que, através dos meios que lhe são próprios, representa essa forma: "na imitação, segundo as palavras de Richard McKeon, o artista separa determinada forma da matéria com que está associada na natureza -- não, todavia, a forma substancial, mas certa forma perceptível através da sensação -- e une-a de novo à matéria da sua arte, o meio por ele usado".
         Apesar das diferenças profundas que distinguem as doutrinas da mimese em Platão e em Aristóteles, um elemento fundamental é comum a ambas as teorias: a noção de que toda a obra poética -- como toda a obra de arte -- tem de manter uma relação de semelhança e de adequação com uma realidade natural já existente.
         O dito de Simônides, difundido por Plutarco, de que a "pintura é poesia muda e a poesia pintura falante", e uma célebre fórmula de Horácio, erroneamente interpretada -- ut pictura poesis --, contribuíram para enraizar a crença de que a essência da poesia consistia na imitação da natureza. Trata-se, aliás, de uma concepção estética que facilmente se impunha aos espíritos, sobretudo em estéticas informadas por filosofias do objeto, como foram em geral a filosofia grega e as filosofias ocidentais dela derivadas.
        Até ao século XVIII, a poesia é por conseguinte definida sempre em termos de imitação ou outros congêneres, como "cópia", "imagem", etc. Piccolomini, importante crítico italiano do século XVI, escreve que "a poesia não é outra coisa senão imitação não só de coisas, ou naturais ou artificiais, mas principalmente de ações, de costumes e de afetos humanos" e Tasso afirma que e "poesia é uma imitação, realizada em verso, de ações humanas, feita para ensino da vida". Um crítico e poeta francês do século XVII, Colletet, explica que "a poesia é uma viva representação das coisas naturais... O que é o poema épico senão uma perfeita imitação das ações generosas dos grandes heróis? A comédia um espelho dos costumes do tempo, senão uma imagem da verdade, e numa palavra, senão uma bela e excelente imitação da vida?" A comparação do ato criador com o espelho que reflete a realidade, é comumente usada desde a Renascença, e esta analogia revela bem o ideal mimético assinalado à arte, embora geralmente nunca se defenda o princípio de que a obra artística deve constituir uma imagem exata da realidade (na estética clássica, por exemplo, a imitação da natureza caracteriza-se pelas suas dimensões idealistas).
          Para finalizar este artigo de hoje, achei de bom tamanho citar um trecho um pouco pitoresco segundo minha humilde opinião: "Platão reprovava na poesia a sua própria origem e o seu fundamento: o poeta, como se lê no diálogo Íon, não cria o poema mediante o recurso a um saber idêntico ou comparável ao do sábio. o poeta, coisa leve, alada e sagrada, cria num estado de entusiasmo, de exaltação e de loucura, pois uma força Divina, como um fluxo magnético, transcorre da Musa para o poeta e deste para o rapsodo e para os seus ouvintes. este estado de delírio e de êxtase não é consentâneo com a autêntica sabedoria. Além disso, a imitação poética, não constitui uma atividade reveladora da verdade, pois a poesia, sendo imitação de uma imitação, representa algo distanciado três degraus da verdade do ser". Acredito na minha opinião, que a poesia é alguma coisa espiritual e extremamente autêntica; e que nem sempre é fruto de uma imitação da imitação!

(Poeta: Júlio Dalvorine)
    

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Adele ao vivo, apresentação completa. Puro talento é só aqui no canal "Arte e Cultura"

ATEMPORALIDADE DO AMOR

Ela sempre gostou de caminhar ao amanhecer,
e movia os lábios com palavras de carinho;
a sua volta às flores perdiam todos os espinhos,
e até o vento soprava mais suave a face rubra do espaço.
Moça de cabelos longos e dourados;
hoje ando sozinho relembrando os bons momentos,
quando juntos passávamos pelo mesmo caminho;
embaixo do mesmo firmamento.

Se eu fosse um mágico, desses que tudo pode, a contento,
faria o tempo voltar e seria atemporal no contexto de tudo;
poria o passado no futuro e o presente em dois tempos,
atando nossas almas, numa união com doses marcantes
de sonho, poesia, felicidade e silêncio.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

domingo, 10 de novembro de 2019

          O texto que se segue foi extraído das reflexões de um antigo poeta e filósofo dos Países Baixos. Lembrando que o manuscrito fora encontrado nos fundos de uma caverna nos confins do mundo. Provavelmente do século III d.C.

         "... Vivo e, vivendo me arrasto pelas letras e pela liberdade. Ora sou bobo da corte, ora homem sério de pensamento incluído nas filosofias do mundo que por mais que estude ainda tanto desconheço. Já vi por minhas caminhadas, famintos rebeldes do rei às margens da obtusa sociedade atual. Sou de um tempo em que se é proibido dizer a verdade seja ela de qual esfera for. Ainda menino, já viajava com meu pai trabalhando no comércio de lã e venda de cavalos selvagens. Nessas andanças conversei com filósofos e ciganos. Aprendi pouco, mas, soube juntar todos os símbolos e me acerquei de exemplos de pessoas que viveram seus dias levando nos ombros, todos os detalhes que o mundo viverá provavelmente no futuro.
          Às vezes, minhas reflexões me levam a ser taxado de insano perante o povo simplório dessas aldeias esquecidas. Escrevo no papiro por ser o costume e a maneira mais eficiente que conheço(Acredito que surgirá jeito mais prático e fácil, mas não é pra agora) de registrar códigos em minha tradição. Lembrando que entre nós, poucos sabem escrever.
          Ma chamo Félemon, e posso dizer que ainda sou considerado jovem, tenho quase todos os dentes, sou rápido e meu físico causa inveja aos mais velhos da minha tribo. Se alguém encontrar meus escritos, peço que se não fizerem bem, destrua-os. Minhas cordiais saudações e que os deuses abram as nuvens e nos lave a todos com suas dádivas da felicidade e sorte. Félemon, comerciante, poeta e aprendiz de filosofia.

(Poeta: Júlio Dalvorine)

Episódio 2 da vida do poeta Português Manuel Maria de Barbosa Du Bocage. Só aqui no canal "Arte e Cultura"

sábado, 9 de novembro de 2019

         Olá meus queridos e queridas, saúde e felicidade pra todos! Sou o poeta Júlio Dalvorine e lhes apresento mais um de meus poemas autorais:

A MENINA QUE SONHAVA

Que sonho mais bonito
a menina teve...
Sonhara ser uma ave
de penas avermelhadas e brilhantes;

a qual alçava voos esplendorosos
por qualquer parte que pretendesse;
uma bela ave de olhos azuis esverdeados,
senhora da noite e da fantasia.

Que ave maravilhosa,
e a menina continuava sonhando!
Tempos bons da infância,
fazem duma criança, princesa ou até rainha.

E sonhava docemente
em seu travesseiro de plumas;
e a ave continuava seus episódios aventureiros pela noite,
pois se transformara numa linda coruja de terreiro;
tudo isso, enquanto a menina dormia.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

         Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje resolvi fazer uma singela homenagem à língua portuguesa. Eis o poema:

ODE À LÍNGUA PORTUGUESA

Belo idioma português
que tantos amores descrevo,
teu valor não tem preço,
é tesouro de riqueza incalculável...

Nasci nos teus braços,
bendita língua dos meus ancestrais, meus avós,
irmãos nos códigos dos cavaleiros medievais
oradores, trovadores das cortes reais.

Tantos e tantos Vates,
brotaram desse oceano de pérolas;
foi herói de ricas vestimentas,
e andarilho apaixonado das primaveras floridas.

Hoje idioma mais que perfeito,
tua medalha de ouro e prata levo no peito;
amada herança de Portugal,
orgulho máximo nos trejeitos da grande literatura universal.

Sobre tuas mãos toda a arte baila,
percorrendo pelo grande salão do futuro;
e os poetas todos, rezam pelas contas do teu rosário glorioso.
Belo e culto idioma que leva na fronte bem jeitoso,
a graça das Musas portuguesas.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Poesia & Prosa com Maria Bethania - Episódio: Clarice Lispector. Você só encontra aqui no canal "Arte e Cultura". Postado pelo poeta Júlio Dalvorine.

        Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje vou falar um pouquinho sobre as origens da nossa amada língua latina.

ORIGENS DA LÍNGUA LATINA
        A língua latina pertence ao grupo dos dialetos itálicos (o umbro, o sabélico, o osco) falados pelos povos estabelecidos na região itálica antes da fundação de Roma. Os latinos, habitantes do Lácio, os Sículos que ocupavam a Sicília e parte da Itália Meridional, os Umbros, os Oscos que habitavam vastas regiões da Itália central, falavam vários dialetos não muito diferentes entre si. Infelizmente estes dialetos nos são desconhecidos por falta de comparação; possuímos só algumas inscrições curtas e incompletas, mas nenhuma delas tem ao lado a tradução em outra língua conhecida que nos ajude a interpretá-las por meio da comparação. será contudo útil lembrar que, entre todos estes dialetos, só o latim chegou a ter a dignidade de língua literária. Isto se deu porque o povo que o falou, soube despertar ao redor de si e absorver as aspirações de muitos povos diferentes: conquistando-os, impôs-lhes a própria língua, aquele latim que depois de poucos séculos havia de se tornar uma língua universal.
          Do latim arcaico ou antigo (porque escrito com letras parecidas com as gregas) temos algumas inscrições que pertencem ao século VII a. C. Entre os monumentos deste período os mais conhecidos são; o " Lápis niger" (pedra tombal em tufo quadrangular, descoberta no Foro Romano, com inscrições de significação muito duvidosa) e a "Fibula Praenestina", broche de ouro encontrado num túmulo de Praeneste, perto de Roma. Na "Fibula" estão escritas estas palavras: MANIOS MED FHEFHAKED NUMA SIOL. Conhecendo o uso de colocar nestes objetos o nome do construtor e o nome da pessoa a quem o objeto era oferecido, conseguiu-se traduzir as palavras da "Fibula": MANIUS ME FECIT NUMASIO ("Mánio fez-me para Numásio"). A mais podemos recordar a inscrição sobre uma taça ("Copa") encontrada em Civita-Castellana na Toscana e proveniente do V ou VI século antes de Cristo. A inscriçãodiz: FOIED VINO PIPAFO, isto é "Hodie vinum bibam, cras carebo". São interessantes o "Cippus abellanus", que contém um tratado de aliança entre as cidades de Abela e Nola na Campânia; a "Tabula bantina" que contém fórmulas políticas; e as "Tabulae eugubinae", descobertas em Gúbio em 1444: são sete lâminas de bronze de diversos tamanhos, cinco das quais escritas em caracteris etruscos, duas em caracteres latinos e contem prescrições rituais em dialetos umbro para os sacrifícios.
         Notáveis contribuições trouxeram ao latim arcaico as línguas de dois povos vindos do Mediterrâneo oriental: os Etruscos e os Gregos, na gradual e lenta transformação e união com os outros dialetos itálicos.

(texto extraído da obra: A Literatura de Roma - livraria Nobel S.A)

Postado pelo poeta Júlio Dalvorine


terça-feira, 5 de novembro de 2019

        Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje estou publicando pra vocês mais um de meus poemas autorais. Nesses quase trinta anos de carreira literária já devo ter escrito mais de vinte mil poemas, com temas variados de acordo com a ocasião, momento e inspiração... mistérios da arte! Digo isso porque este poema que estou publicando é um dos meus preferidos, mas talvez eu esteja errado e vocês o repudiem; afinal gosto é gosto, e tudo vale a pena, se a alma não é pequena! Vamos ao poema?:

O VOO DAS BORBOLETAS

O voo das borboletas,
na infância dos mundos...
Portais secretos em vários locais
e a criança adormecida sonha
com galáxias e corais.

Reis e rainhas constroem
plantações de livros e poesia;
fantasia abençoada de cavaleiros,
nobres combatentes da justa causa,
onde às pétalas das flores comemoram se abraçando...

Tudo é belo e faz sentido,
ser alma aprendiz no tabernáculo;
florais remanescentes dos gigantes,
por quem as fadas enfeitaram as florestas e os campos,
e o mundo ficou muito mais bonito!

Busca-se no céu, nos bosques e nas montanhas a verdade,
mas qual verdade é em si verdade?
Somos o que somos e pronto!
E o sorriso deve ser sempre farto,
igual às coloridas borboletas em volta do lago.

Viver de fato é uma bela arte,
onde duelam alegria e tristeza;
um dia talvez as estrelas pousem na terra,
preparadas para o grande balé do recomeço;
e o perfume gostoso da natureza,
porá a liberdade nos braços da humanidade.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

Bocage Episodio 1 O Regresso RTP2 JPL TVRIP Só aqui no canal "Arte e Cultura)

         Olá meus queridos visitantes e seguidores do canal "Arte e Cultura', sou o poeta Júlio Dalvorine e estou postando um trabalho que julgo de importância para estudantes e pesquisadores de literatura. Espero que todos gostem!

QUAL A FINALIDADE OU A FUNÇÃO DA LITERATURA?

          Pergunta que no transcurso das diversas sociedades e culturas tem recebido múltiplas e desencontradas respostas e que certamente há de suscitar no futuro a mesma disparidade de soluções. A teoria da literatura tem de atender a esta multiplicidade de aspectos do fenômeno literário, sem a tentação de reduzir a riqueza e a diversidade das formas e das idéias da arte literárias a uma fórmula abstrata e descarnada. Impõe-se, isso sim, que sem desfigurar a realidade histórica da arte literária, a teoria da literatura recolha e interprete as mais significativas e influentes soluções que, no decorrer do tempo, tem sido dadas ao problema da função da literatura - e tais soluções, como á óbvio, interessam-nos enquanto representam estruturas gerais que tem informado, ao longo da história, a experiência literária.
        É relativamente moderna a consciência teórica da validade intrínseca e, consequentemente, da autonomia da literatura, isto é, a consciência de a literatura -- como qualquer outra arte -- possuir os seus valores próprios, de constituir uma atividade independente e específica que não necessita, para legitimar a sua existência, de se colocar ao serviço da polis, da moral, da filosofia, etc. Claro que o homem de letras de qualquer época teve quase sempre consciência do caráter próprio e da dignidade do seu mister de escritor, mas faltou-lhe, até época não muito distante, a consciência de que a sua arte poderia ser julgada com função unicamente de elementos estéticos. Teógnis de Mégara (séc. VI - V a.C.), por exemplo, possui consciência plena da grandeza específica da sua condição de poeta, através da qual pode conceder a imortalidade às pessoas que canta, mas só justifica o seu mister de poeta enquanto subordinado aos princípios de poeta enquanto subordinado aos princípios da ética e da justiça.
         Os conhecidos versos de Horácio que assinalam como finalidade da poesia aut prodesse aut delectare, não implicam um conceito de poesia autônoma, de uma poesia exclusivamente fiel a valores poéticos, ao lado de uma poesia pedagógica. O prazer, o dulce referido por Horácio e mencionado por uma longa tradição literária européia de raiz horaciana, conduz antes a uma concepção hedoista da poesia, o que constitui ainda um meio de tornar dependente, e quantas vezes de subalternizar lastimavelmente, a obra poética.  

sábado, 2 de novembro de 2019

Saudações a todos que curtem o canal "Arte e Cultura. Sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje postarei para vocês mais um de meus poemas autorais. Abraços e fiquem com Deus!

POEMA FORJADO EM PURO AÇO DO NOVO MUNDO

Sou latino americano,
e não sei se por destino ou engano,
vim parar no Brasil,
nas lavouras de café e na lida com o gado...

Sou antes de tudo mineiro,
cem por cento Sul de Minas;
conheço montanhas e campinas
com verdejantes e belas paisagens.

Acima de mim sonhos e promessas,
também reza(o terço sagrado de D. Constantina).
Sou alma que se derrama nos minérios preciosos,
dum solo rico e abençoado, conhecido dos bandeirantes.

Ainda verei coroado o belo ideal,
minha América do Sul, América do sal;
pudesse abrir as asas e subir às extremidades,
pra ver no solo Mater a bela e santa imagem,
dum Brasil novo, esplendoroso; vate gentil!

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

Há muitas noites na noite - Poema Sujo Ferreira Gullar só aqui no canal "Arte e Cultura"

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Saudações a todos que acompanham o canal "Arte e Cultura". Sou o poeta Júlio Dalvorine, e hoje estou postando mais um de meus poemas autorais, boa leitura a todos e viva a poesia!

TERRA E VENDAVAL

Tenho sensações dentro da alma,
convulsões intempórias, vontade de gritar;
nessa loucura, nessa imundície qualquer,
meu sangue ferve e sobe para a raiz dos meus cabelos.

As cores do girassol, a saudade da infância,
sou morte e vida, mas sou também terra e vendaval;
e nesses ares altivos do meu mundo,
sou poeta que se consome na fome de me matar.

Mas também sou os braços do sol,
e por esse céu límpido sou o azul do sem fim;
o sorriso da criança nas tetas da mãe,
e o bafo quente do deserto na aridez dos meus erros.

Escrevo sem perguntar pela minha caligrafia,
e no topo do meu crânio existem brasas,
prontas para queimar o brilho dos meus olhos;
não temo a noite, mas temo a cegueira da minha cegueira.

Me perdi no pântano das rebeldias,
e o uivo do lobo encheu-me de fúria;
não quero dizer nada, dizendo tudo ao mesmo tempo,
pois me tranquei no quarto solitário do arrependimento.

Mas sou feliz e rasgo meu sorriso para qualquer miserável que chora.
Dentro do meu peito há explosões e calmarias;
sou o hoje, e hoje, não direi viva a liberdade,
nem serei o pastor que pastoreia nas veredas do vento.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)