quinta-feira, 21 de novembro de 2019

                                                       HANS CHRISTIAN ANDERSEN

                                  Biografia do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen

         Mas o que direi da tocante casinha na pequena madorrenta cidade dinamarquesa de Odense, na ilha de Fyn, onde Hans Christian soltou seus primeiros vagidos? Um quarto onde viviam o pai -- um sapateiro remendão -- a mãe e uma ninhada de crianças. Uma pobreza tão grande que, à guisa de lençol, punham-lhe no berço um pedaço de pano, que pouco antes, servira para cobrir o ataúde de um nobre.
        O grande acontecimento(grande para nós) deu-se em 2 de abril de 1805. Onze anos depois os pulmões fracos do sapateiro deixaram de resistir. A mãe ficou só. O seu fardo era demasiadamente pesado, e por isso procurou consolo encontrando-o afinal naquelas garrafas de gim com as quais gastava todo o dinheiro que os vizinhos bondosamente lhe davam, de vez em quando, para sustentar a família.
        Mas a centelha divina, adormecida na alma daquele meninozinho, não podia deixar de brilhar, pois aqueles a quem o bom Deus tocou hão de cumprir seu destino de todos os "handicaps" e indignidades. Em meio a sua pobreza desesperada estava sempre construindo pequenos teatros de bonecos, onde podia representar as peças de Shakespeare e de seu compatriota, o famoso Ludvig Holberg, a quem deram a merecida alcunha de Molière da Escandinávia.
          Ainda muito criança viu-se na necessidade de ganhar a vida. Pretendiam por Hans Christian como aprendiz em casa de um alfaiate, pois o mundo sempre precisará de alfaiates e era um modo de ganhar a vida tão bom ou tão mau ou tão bem como qualquer outro. Mas o menino não quis. Queria ser um cantor de ópera -- nada menos do que isso! -- Um cantor de ópera. Toda cidade riu. Os dinamarqueses gostam muito de rir, não só de seus próprios vizinhos como do mundo em geral. A Dinamarca é um país pequeno e talvez seja esse um meio de que os dinamarqueses lançam mão para se protegerem contra os inimigos, pois todo o país da Europa, que vive pacificamente, contentando-se em tratar de sua vida, sempre tem uma porção de inimigos.
           Quando a criança pode realmente ir até a capital para se apresentar com suas ambições, na porta dos atores do Teatro Real, foi alvo de uma porção de zombarias. Consideraram-no um lunático. Uma espécie de louco inofensivo, mas que não seria bom deixar em liberdade. Foi morar numa água furtada. Passou fome, as continuou a cantar até que a voz mudou. Só então compreendeu que a carreira no palco estava fora de questão.
            Por conseguinte, resolveu tentar ganhar a vida com a outra extremidade de seu grotesco corpo e deixar que os pés exprimissem o que as cordas vocais se recusavam a dizer.
           Como dançarino, Hans Christian falhou, como falhara como tenor. Parecia que só lhe restava mesmo a mesa de alfaiate. Contudo Copenhague, especialmente naquele tempo, era ainda uma pequena cidade e um menino que tinha o aspecto estranho e as aspirações de Andersen facilmente se tornou alvo da curiosidade. O rei Frederico VI, que então devia  conhecer de vista metade de seus fiéis habitantes de Copenhague, interessou-se por ele. Mandou o rapaz para a escola, a fim de ter alguma instrução.
         Ter-se-ia o rapaz aplicado diligentemente aos estudos e aprendido do seu "amo, amas, amat"? Longe disso. Foi o desespero dos professores, prestava muito pouca atenção às lições e perdia tempo escrevendo uma péssima novela, que tinha o extraordinário título de "O Fantasma da Sepultura de Palnatoke".
         Em 1829, Andersen voltou a Copenhague, ainda passando fome mas saboreando, de vez em quando, uma boa refeição em casa de um rico comerciante rico e bondoso, um certo Jonas Collin (os nomes de tão raros benfeitores da humanidade devem se sempre lembrados) que, desde a chegada de Andersen à capital tinha "visto alguma coisa naquele menino". Collin permaneceu amigo dele durante toda sua vida, a despeito de alguns hábitos exasperante de Hans Christian e de certas singularidades que enraiveciam e, ainda chegou a ver o dia em que o mundo teve de confessar que ele estava com a razão.
        Mas ninguém suspeitava quantas qualidades possuía aquele filho de um sapateiro tuberculoso de Odense e de uma ébria. Porque, após publicar uma ou duas novelas de pouco mérito, e de cometer uma porção de asneiras, dando-se ao ridículo, Hans Christian conseguiu finalmente arrancar uma pequena quantia de um rico protetor a fim de poder viajar, ver mundo e conhecer a humanidade.
        Essa espécie de pensão era absurdamente pequena. Comparada com ela uma bolsa de estudos moderna é uma fortuna, mas de um ou de outro modo essas poucas centenas de táleres trouxeram maior recompensa a seu doador do que todos os milhões que agora gastamos com aquelas ambições sem talento, que parecem ser um sub produto de toda democracia bem organizada. Pois, pouco depois de ter Andersen voltado de suas peregrinações (que o levaram até Roma) apareceu um pequeno volume, que continha uma coleção de histórias de fadas. A princípio essas histórias quase passaram despercebidas. Depois, aqui e acolá, algumas pessoas começaram a perguntar umas às outras: -- Já leu a história da "Guardadora de Gansos", a do "Patinho Feio" e aquela do rei que saiu sem as calças? Em breve o livro estava nas mãos de todo o mundo e, repentinamente, a Europa inteira ouviu falar da Dinamarca, porque a Dinamarca produzira aquela raríssima forma de gênio literário -- um homem capaz de escrever "verdadeiras histórias de fadas".
          O resto dessa história incrível é sabido de todos. Os dinamarqueses continuaram a divertir-se imensamente à custa de seu poeta "famoso". As nações pequenas nunca são muito carinhosas para seus grandes homens e Andersen também foi alvo dos escarnecedores de café. Felizmente havia nele um traço de ingênua presunção que o impedia de compreender sua verdadeira situação. Convencido da sua genialidade, conformou-se com essas zombarias, assim como com todas as honras que começavam a chover sobre ele. Por exemplo, gostou muito e sentiu-se profundamente agradecido, mas não surpreso, quando no fim de sua visita à Inglaterra, no ano de 1874, o próprio Charles Dickens em pessoa veio apresentar-lhe as despedidas. Tomava parte em mexericos de café com um sem número de principelhos alemães, ouvia os louvores que lhe teciam as afetadas esposas destes, aceitava condecorações e medalhas, mas absolutamente não se admirava de isso lhe acontecesse. Toda sua vida acreditara em São Nicolau. Que havia de extraordinário em que esse bom santo tivesse chegado um pouco atrasado?
          E assim Andersen passou o resto de seus dias fumando satisfeito o longo cachimbo de porcelana, receando as novas invenções, que perturbavam o mundo pacífico que ele conhecera e amava como uma criança, lendo as novelas que ele mesmo considerava muito melhores do que suas histórias de fadas, sendo bem recebido em todos os lares da mais encantadora e civilizada das cidades. Pelo que sei, ele poderia ter continuado essa vida até os cem anos de idade, mas infelizmente, na idade de sessenta e sete anos apenas, caiu da cama, feriu-se gravemente e morreu três anos depois sem jamais ter recuperado a saúde.

(texto extraído da obra: VIDAS ILUSTRES de autoria de H. VAN LOO)
Postado pelo poeta: Júlio Dalvorine  

         

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

                                                               FRANZ KAFKA

                                                        Biografia de Franz Kafka

        Franz Kafka(1883-1924) foi um escritor tcheco, de língua alemã. Atá hoje considerado um dos principais escritores da literatura mundial moderna. Kafka apresenta em sua escrita, certa ansiedade, alienação, e uma dose acentuada de revolta ao sistema dominante de sua época.
        Nosso escritor nasceu em Praga, e sempre apresentou um modo de ver sua época que o fazia diferenciado de todos os seus contemporâneos. Em sua conhecidíssima obra "A METAMORFOSE", ele retrata um homem alienado, que não consegue sair de seu quarto para ir ao trabalho. Às horas, a rotina, e o patrão, atormentavam de forma monstruosa a personagem principal da história. Que se via no corpo de uma centopeia, e com sua pele gosmenta o tal inseto se debatia com suas muitas perninhas tentando se levantar para cumprir com sua rotina diária de bom funcionário de uma grande e conceituada empresa.
        Filho de Hermann Kafka, rico comerciante, de origem judia e de Dona Julie Kafka. O escritor cresceu influenciado pela cultura judia, tcheca, alemã.
       Na adolescência revelou-se com tendências socialistas e ateias. Formou-se em direito no ano de 1906. Trabalhou numa companhia de seguros mas sua paixão sempre fora a literatura. Seu pai não aprovava tal inclinação inclinação artística e, Kafka sofreu profundamente com isso. Franz fez parte da chamada ESCOLA DE PRAGA e participou de reuniões com grupos anarquistas.
       Em 1917, viu-se obrigado a afastar-se do trabalho devido à uma tuberculose. Sua obra toda foi escrita em alemão, e quase toda ela publicada somente após sua morte. Franz Kafka apresenta um estilo realista, pela crueza e pelo detalhamento com que ilustra situações um tanto incomum. Sua obre "O PROCESSO", de 1925, cuja personagem principal é presa, julgada e executada por um crime que ela mesma desconhecia.
       Suas histórias apresentam constante confronto com o poder instituído de sua época. O escritor viveu praticamente a vida inteira em Praga, exceção feita ao período de novembro de 1923 a março de 1924, passado em Berlim, longe da esmagadora figura do pai, que não reconhecia de jeito nenhum a legitimidade de sua carreira de escritor. A maior parte de sua obra -- contos, novelas, romances, cartas e diários quase passaram desapercebidos em sua época. Kafka faleceu em um sanatório perto de Viena, Áustria, no dia 3 de junho de 1924, um mês antes de completar 41 anos de vida. Seu corpo foi enterrado no cemitério judaico de Praga. Quase desconhecido em vida, o autor de "O PROCESSO", "NA COLÔNIA PENAL", "A METAMORFOSE" e outras tantas obras primas da prosa universal é considerado hoje -- ao lado de Proust e Joyce -- um dos maiores escritores do século XX.

(Poeta: Júlio Dalvorine)
     

domingo, 17 de novembro de 2019

         Olá a todos que visitam ou segue o canal "Arte e Cultura". Sou o poeta Júlio Dalvorine e estou postando pra vocês mais um de meus poemas autorais:


NÃO VENHA MORAR COMIGO

Não venha morar comigo
não saberia lidar com você;
nem tocar em seu corpo
quando a lua refletisse a beleza dos seus olhos.

Não, não venha morar comigo,
não teria toda à calma que você merece;
seus lábios me chamariam docemente,
e feito vento, de repente, eu me perderia em seus braços macios e delicados.

Não, não venha morar comigo,
antes que o sol surgisse eu fugiria feito um lobo selvagem;
e sairia de sua vida por amar demais.
E quando sentássemos ao piano,
minhas lágrimas diriam tudo sobre mim.
Portanto, não; não venha morar comigo,
eu poderia ferir seus sentimentos mais profundos;
e também sair ferido, com muito ódio no coração.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

          Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje vou falar sobre um assunto que julgo de extrema importância para quem pretende ter uma visão mais analítica do ato de ser poeta e de todo o processo inspiratório por que passam esses visionários da arte dos versos.

                                                         A CRIAÇÃO POÉTICA

        A natureza e o significado do ato criador do poeta tem constituído, desde a antiguidade helênica, objeto de aturada reflexão por parte de filósofos, psicólogos e críticos e por parte dos próprios poetas. Para alguns, o ato criador apresenta-se como um fato racionalmente explicável; para outros, aparece como insondável mistério, cujas raízes se perdem no mais recôndito da alma humana ou no impenetrável dos segredos divinos.
        Pretender fixar as linhas de força mais profundas e mais secretas do processo criador é empresa aleatória, mas possuímos elementos que permitem pelo menos um conhecimento descritivo deste mesmo processo: as reflexões e confissões dos próprios criadores, as revelações proporcionadas muitas vezes pela análise das próprias obras poéticas, as cogitações de estetas e de filósofos, os dados fornecidos pelas ciências psicológicas. Uma forte ambiguidade e um esfíngico segredo, porém, hão de envolver sempre a criação poética. Basta apontar um problema para o qual ainda há pouco o grande esteta inglês Harold Osborne chamava a atenção: "todos os fenômenos característicos da inspiração são descritos em termos idênticos pelos bons e pelos maus artistas; e nenhuma investigação psicológica, por mais penetrante que seja, conseguiu discernir as diferenças entre os processos mentais que acompanham a criação de uma obra mestra e as inspirações de um aprendiz de terceira ordem".
        Em primeiro lugar, vamos analisar um aspecto fundamental da criação poética e que se relaciona, podemos dizer, com a ontologia de toda a obra literária.
       Até ao século XVIII, considera-se que toda a criação poética assenta na imitação de uma realidade, de uma natureza interior ou exterior. Na obra de Platão e de Aristóteles, matriz de tantos princípios que tem informado a arte ocidental, encontram-se as primeiras elaborações teor´ticas da concepção imitativa ou mimética da poesia, embora o conceito de mimese em Platão não coincida com idêntico conceito em Aristóteles.
        Em Platão, o vocábulo mimesis apresenta múltiplas gradações de sentido, embora nesta diversidade de acepções possamos descortinar dois significados fundamentais: no livro X da república, a mimese é considerada como um "divertimento, não uma coisa séria", através da qual o artista reproduz a aparência -- não a verdade profunda -- das coisas e dos seres; no Crátilo, a mimese é considerada como decorrente da exigência humana de exprimir por imagens a realidade circundante e, enquanto meio suscetível de apreender as idéias presentes nas coisas, é-lhe atribuído um valor simbólico gnosiológico. É indubitável, todavia, que é o conceito primeiramente referido de mimese que ocupa um lugar central na estética platônica, constituindo mesmo, como ficou dito, um dos elementos determinantes da condenação a que o filósofo sujeita a poesia na República. O pintor, o escultor ou o poeta estão afastado três degraus da verdade e qualquer deles é apenas o terceiro poietes, pois o primeiro é Deus, que criou, por exemplo, a ideia de cama, o segundo é o artífice que fabricou a cama, e o terceiro é enfim o artista que representa esta mesma cama.
         Em Aristóteles, o conceito de mimese desempenha um papel muito importante, quer na caracterização da natureza da poesia, quer na justificação desta última. Na gênese da poesia, segundo Aristóteles, encontra-se a tendência da imitação, congênita no homem: "Parece haver, em geral, duas causas, e duas causas naturais, na gênese da poesia. Uma é que imitar é uma qualidade congênita nos homens, desde a infância (e nisso diferem dos outros animais em serem os mais dados à imitação e em adquirirem, por meio dela, os seus primeiros conhecimentos); a outra, que todas apreciam as imitações". A imitação poética incide sobre "os homens em ação", sobre os caracteres (ethe), as suas paixões (pathe) e as suas ações (praxeis0. Esta imitação, porém, não é uma literal e passiva representação dos aspectos sensíveis da realidade, pois a mimese poética apreende o geral presente nas coisas particulares e por isso mesmo a poesia se aparenta com a filosofia. O poeta é a causa que capta a forma existente nas coisas naturais e que, através dos meios que lhe são próprios, representa essa forma: "na imitação, segundo as palavras de Richard McKeon, o artista separa determinada forma da matéria com que está associada na natureza -- não, todavia, a forma substancial, mas certa forma perceptível através da sensação -- e une-a de novo à matéria da sua arte, o meio por ele usado".
         Apesar das diferenças profundas que distinguem as doutrinas da mimese em Platão e em Aristóteles, um elemento fundamental é comum a ambas as teorias: a noção de que toda a obra poética -- como toda a obra de arte -- tem de manter uma relação de semelhança e de adequação com uma realidade natural já existente.
         O dito de Simônides, difundido por Plutarco, de que a "pintura é poesia muda e a poesia pintura falante", e uma célebre fórmula de Horácio, erroneamente interpretada -- ut pictura poesis --, contribuíram para enraizar a crença de que a essência da poesia consistia na imitação da natureza. Trata-se, aliás, de uma concepção estética que facilmente se impunha aos espíritos, sobretudo em estéticas informadas por filosofias do objeto, como foram em geral a filosofia grega e as filosofias ocidentais dela derivadas.
        Até ao século XVIII, a poesia é por conseguinte definida sempre em termos de imitação ou outros congêneres, como "cópia", "imagem", etc. Piccolomini, importante crítico italiano do século XVI, escreve que "a poesia não é outra coisa senão imitação não só de coisas, ou naturais ou artificiais, mas principalmente de ações, de costumes e de afetos humanos" e Tasso afirma que e "poesia é uma imitação, realizada em verso, de ações humanas, feita para ensino da vida". Um crítico e poeta francês do século XVII, Colletet, explica que "a poesia é uma viva representação das coisas naturais... O que é o poema épico senão uma perfeita imitação das ações generosas dos grandes heróis? A comédia um espelho dos costumes do tempo, senão uma imagem da verdade, e numa palavra, senão uma bela e excelente imitação da vida?" A comparação do ato criador com o espelho que reflete a realidade, é comumente usada desde a Renascença, e esta analogia revela bem o ideal mimético assinalado à arte, embora geralmente nunca se defenda o princípio de que a obra artística deve constituir uma imagem exata da realidade (na estética clássica, por exemplo, a imitação da natureza caracteriza-se pelas suas dimensões idealistas).
          Para finalizar este artigo de hoje, achei de bom tamanho citar um trecho um pouco pitoresco segundo minha humilde opinião: "Platão reprovava na poesia a sua própria origem e o seu fundamento: o poeta, como se lê no diálogo Íon, não cria o poema mediante o recurso a um saber idêntico ou comparável ao do sábio. o poeta, coisa leve, alada e sagrada, cria num estado de entusiasmo, de exaltação e de loucura, pois uma força Divina, como um fluxo magnético, transcorre da Musa para o poeta e deste para o rapsodo e para os seus ouvintes. este estado de delírio e de êxtase não é consentâneo com a autêntica sabedoria. Além disso, a imitação poética, não constitui uma atividade reveladora da verdade, pois a poesia, sendo imitação de uma imitação, representa algo distanciado três degraus da verdade do ser". Acredito na minha opinião, que a poesia é alguma coisa espiritual e extremamente autêntica; e que nem sempre é fruto de uma imitação da imitação!

(Poeta: Júlio Dalvorine)
    

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Adele ao vivo, apresentação completa. Puro talento é só aqui no canal "Arte e Cultura"

ATEMPORALIDADE DO AMOR

Ela sempre gostou de caminhar ao amanhecer,
e movia os lábios com palavras de carinho;
a sua volta às flores perdiam todos os espinhos,
e até o vento soprava mais suave a face rubra do espaço.
Moça de cabelos longos e dourados;
hoje ando sozinho relembrando os bons momentos,
quando juntos passávamos pelo mesmo caminho;
embaixo do mesmo firmamento.

Se eu fosse um mágico, desses que tudo pode, a contento,
faria o tempo voltar e seria atemporal no contexto de tudo;
poria o passado no futuro e o presente em dois tempos,
atando nossas almas, numa união com doses marcantes
de sonho, poesia, felicidade e silêncio.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

domingo, 10 de novembro de 2019

          O texto que se segue foi extraído das reflexões de um antigo poeta e filósofo dos Países Baixos. Lembrando que o manuscrito fora encontrado nos fundos de uma caverna nos confins do mundo. Provavelmente do século III d.C.

         "... Vivo e, vivendo me arrasto pelas letras e pela liberdade. Ora sou bobo da corte, ora homem sério de pensamento incluído nas filosofias do mundo que por mais que estude ainda tanto desconheço. Já vi por minhas caminhadas, famintos rebeldes do rei às margens da obtusa sociedade atual. Sou de um tempo em que se é proibido dizer a verdade seja ela de qual esfera for. Ainda menino, já viajava com meu pai trabalhando no comércio de lã e venda de cavalos selvagens. Nessas andanças conversei com filósofos e ciganos. Aprendi pouco, mas, soube juntar todos os símbolos e me acerquei de exemplos de pessoas que viveram seus dias levando nos ombros, todos os detalhes que o mundo viverá provavelmente no futuro.
          Às vezes, minhas reflexões me levam a ser taxado de insano perante o povo simplório dessas aldeias esquecidas. Escrevo no papiro por ser o costume e a maneira mais eficiente que conheço(Acredito que surgirá jeito mais prático e fácil, mas não é pra agora) de registrar códigos em minha tradição. Lembrando que entre nós, poucos sabem escrever.
          Ma chamo Félemon, e posso dizer que ainda sou considerado jovem, tenho quase todos os dentes, sou rápido e meu físico causa inveja aos mais velhos da minha tribo. Se alguém encontrar meus escritos, peço que se não fizerem bem, destrua-os. Minhas cordiais saudações e que os deuses abram as nuvens e nos lave a todos com suas dádivas da felicidade e sorte. Félemon, comerciante, poeta e aprendiz de filosofia.

(Poeta: Júlio Dalvorine)

Episódio 2 da vida do poeta Português Manuel Maria de Barbosa Du Bocage. Só aqui no canal "Arte e Cultura"

sábado, 9 de novembro de 2019

         Olá meus queridos e queridas, saúde e felicidade pra todos! Sou o poeta Júlio Dalvorine e lhes apresento mais um de meus poemas autorais:

A MENINA QUE SONHAVA

Que sonho mais bonito
a menina teve...
Sonhara ser uma ave
de penas avermelhadas e brilhantes;

a qual alçava voos esplendorosos
por qualquer parte que pretendesse;
uma bela ave de olhos azuis esverdeados,
senhora da noite e da fantasia.

Que ave maravilhosa,
e a menina continuava sonhando!
Tempos bons da infância,
fazem duma criança, princesa ou até rainha.

E sonhava docemente
em seu travesseiro de plumas;
e a ave continuava seus episódios aventureiros pela noite,
pois se transformara numa linda coruja de terreiro;
tudo isso, enquanto a menina dormia.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

         Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje resolvi fazer uma singela homenagem à língua portuguesa. Eis o poema:

ODE À LÍNGUA PORTUGUESA

Belo idioma português
que tantos amores descrevo,
teu valor não tem preço,
é tesouro de riqueza incalculável...

Nasci nos teus braços,
bendita língua dos meus ancestrais, meus avós,
irmãos nos códigos dos cavaleiros medievais
oradores, trovadores das cortes reais.

Tantos e tantos Vates,
brotaram desse oceano de pérolas;
foi herói de ricas vestimentas,
e andarilho apaixonado das primaveras floridas.

Hoje idioma mais que perfeito,
tua medalha de ouro e prata levo no peito;
amada herança de Portugal,
orgulho máximo nos trejeitos da grande literatura universal.

Sobre tuas mãos toda a arte baila,
percorrendo pelo grande salão do futuro;
e os poetas todos, rezam pelas contas do teu rosário glorioso.
Belo e culto idioma que leva na fronte bem jeitoso,
a graça das Musas portuguesas.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Poesia & Prosa com Maria Bethania - Episódio: Clarice Lispector. Você só encontra aqui no canal "Arte e Cultura". Postado pelo poeta Júlio Dalvorine.

        Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje vou falar um pouquinho sobre as origens da nossa amada língua latina.

ORIGENS DA LÍNGUA LATINA
        A língua latina pertence ao grupo dos dialetos itálicos (o umbro, o sabélico, o osco) falados pelos povos estabelecidos na região itálica antes da fundação de Roma. Os latinos, habitantes do Lácio, os Sículos que ocupavam a Sicília e parte da Itália Meridional, os Umbros, os Oscos que habitavam vastas regiões da Itália central, falavam vários dialetos não muito diferentes entre si. Infelizmente estes dialetos nos são desconhecidos por falta de comparação; possuímos só algumas inscrições curtas e incompletas, mas nenhuma delas tem ao lado a tradução em outra língua conhecida que nos ajude a interpretá-las por meio da comparação. será contudo útil lembrar que, entre todos estes dialetos, só o latim chegou a ter a dignidade de língua literária. Isto se deu porque o povo que o falou, soube despertar ao redor de si e absorver as aspirações de muitos povos diferentes: conquistando-os, impôs-lhes a própria língua, aquele latim que depois de poucos séculos havia de se tornar uma língua universal.
          Do latim arcaico ou antigo (porque escrito com letras parecidas com as gregas) temos algumas inscrições que pertencem ao século VII a. C. Entre os monumentos deste período os mais conhecidos são; o " Lápis niger" (pedra tombal em tufo quadrangular, descoberta no Foro Romano, com inscrições de significação muito duvidosa) e a "Fibula Praenestina", broche de ouro encontrado num túmulo de Praeneste, perto de Roma. Na "Fibula" estão escritas estas palavras: MANIOS MED FHEFHAKED NUMA SIOL. Conhecendo o uso de colocar nestes objetos o nome do construtor e o nome da pessoa a quem o objeto era oferecido, conseguiu-se traduzir as palavras da "Fibula": MANIUS ME FECIT NUMASIO ("Mánio fez-me para Numásio"). A mais podemos recordar a inscrição sobre uma taça ("Copa") encontrada em Civita-Castellana na Toscana e proveniente do V ou VI século antes de Cristo. A inscriçãodiz: FOIED VINO PIPAFO, isto é "Hodie vinum bibam, cras carebo". São interessantes o "Cippus abellanus", que contém um tratado de aliança entre as cidades de Abela e Nola na Campânia; a "Tabula bantina" que contém fórmulas políticas; e as "Tabulae eugubinae", descobertas em Gúbio em 1444: são sete lâminas de bronze de diversos tamanhos, cinco das quais escritas em caracteris etruscos, duas em caracteres latinos e contem prescrições rituais em dialetos umbro para os sacrifícios.
         Notáveis contribuições trouxeram ao latim arcaico as línguas de dois povos vindos do Mediterrâneo oriental: os Etruscos e os Gregos, na gradual e lenta transformação e união com os outros dialetos itálicos.

(texto extraído da obra: A Literatura de Roma - livraria Nobel S.A)

Postado pelo poeta Júlio Dalvorine


terça-feira, 5 de novembro de 2019

        Olá meus queridos e queridas, sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje estou publicando pra vocês mais um de meus poemas autorais. Nesses quase trinta anos de carreira literária já devo ter escrito mais de vinte mil poemas, com temas variados de acordo com a ocasião, momento e inspiração... mistérios da arte! Digo isso porque este poema que estou publicando é um dos meus preferidos, mas talvez eu esteja errado e vocês o repudiem; afinal gosto é gosto, e tudo vale a pena, se a alma não é pequena! Vamos ao poema?:

O VOO DAS BORBOLETAS

O voo das borboletas,
na infância dos mundos...
Portais secretos em vários locais
e a criança adormecida sonha
com galáxias e corais.

Reis e rainhas constroem
plantações de livros e poesia;
fantasia abençoada de cavaleiros,
nobres combatentes da justa causa,
onde às pétalas das flores comemoram se abraçando...

Tudo é belo e faz sentido,
ser alma aprendiz no tabernáculo;
florais remanescentes dos gigantes,
por quem as fadas enfeitaram as florestas e os campos,
e o mundo ficou muito mais bonito!

Busca-se no céu, nos bosques e nas montanhas a verdade,
mas qual verdade é em si verdade?
Somos o que somos e pronto!
E o sorriso deve ser sempre farto,
igual às coloridas borboletas em volta do lago.

Viver de fato é uma bela arte,
onde duelam alegria e tristeza;
um dia talvez as estrelas pousem na terra,
preparadas para o grande balé do recomeço;
e o perfume gostoso da natureza,
porá a liberdade nos braços da humanidade.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

Bocage Episodio 1 O Regresso RTP2 JPL TVRIP Só aqui no canal "Arte e Cultura)

         Olá meus queridos visitantes e seguidores do canal "Arte e Cultura', sou o poeta Júlio Dalvorine e estou postando um trabalho que julgo de importância para estudantes e pesquisadores de literatura. Espero que todos gostem!

QUAL A FINALIDADE OU A FUNÇÃO DA LITERATURA?

          Pergunta que no transcurso das diversas sociedades e culturas tem recebido múltiplas e desencontradas respostas e que certamente há de suscitar no futuro a mesma disparidade de soluções. A teoria da literatura tem de atender a esta multiplicidade de aspectos do fenômeno literário, sem a tentação de reduzir a riqueza e a diversidade das formas e das idéias da arte literárias a uma fórmula abstrata e descarnada. Impõe-se, isso sim, que sem desfigurar a realidade histórica da arte literária, a teoria da literatura recolha e interprete as mais significativas e influentes soluções que, no decorrer do tempo, tem sido dadas ao problema da função da literatura - e tais soluções, como á óbvio, interessam-nos enquanto representam estruturas gerais que tem informado, ao longo da história, a experiência literária.
        É relativamente moderna a consciência teórica da validade intrínseca e, consequentemente, da autonomia da literatura, isto é, a consciência de a literatura -- como qualquer outra arte -- possuir os seus valores próprios, de constituir uma atividade independente e específica que não necessita, para legitimar a sua existência, de se colocar ao serviço da polis, da moral, da filosofia, etc. Claro que o homem de letras de qualquer época teve quase sempre consciência do caráter próprio e da dignidade do seu mister de escritor, mas faltou-lhe, até época não muito distante, a consciência de que a sua arte poderia ser julgada com função unicamente de elementos estéticos. Teógnis de Mégara (séc. VI - V a.C.), por exemplo, possui consciência plena da grandeza específica da sua condição de poeta, através da qual pode conceder a imortalidade às pessoas que canta, mas só justifica o seu mister de poeta enquanto subordinado aos princípios de poeta enquanto subordinado aos princípios da ética e da justiça.
         Os conhecidos versos de Horácio que assinalam como finalidade da poesia aut prodesse aut delectare, não implicam um conceito de poesia autônoma, de uma poesia exclusivamente fiel a valores poéticos, ao lado de uma poesia pedagógica. O prazer, o dulce referido por Horácio e mencionado por uma longa tradição literária européia de raiz horaciana, conduz antes a uma concepção hedoista da poesia, o que constitui ainda um meio de tornar dependente, e quantas vezes de subalternizar lastimavelmente, a obra poética.  

sábado, 2 de novembro de 2019

Saudações a todos que curtem o canal "Arte e Cultura. Sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje postarei para vocês mais um de meus poemas autorais. Abraços e fiquem com Deus!

POEMA FORJADO EM PURO AÇO DO NOVO MUNDO

Sou latino americano,
e não sei se por destino ou engano,
vim parar no Brasil,
nas lavouras de café e na lida com o gado...

Sou antes de tudo mineiro,
cem por cento Sul de Minas;
conheço montanhas e campinas
com verdejantes e belas paisagens.

Acima de mim sonhos e promessas,
também reza(o terço sagrado de D. Constantina).
Sou alma que se derrama nos minérios preciosos,
dum solo rico e abençoado, conhecido dos bandeirantes.

Ainda verei coroado o belo ideal,
minha América do Sul, América do sal;
pudesse abrir as asas e subir às extremidades,
pra ver no solo Mater a bela e santa imagem,
dum Brasil novo, esplendoroso; vate gentil!

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

Há muitas noites na noite - Poema Sujo Ferreira Gullar só aqui no canal "Arte e Cultura"

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Saudações a todos que acompanham o canal "Arte e Cultura". Sou o poeta Júlio Dalvorine, e hoje estou postando mais um de meus poemas autorais, boa leitura a todos e viva a poesia!

TERRA E VENDAVAL

Tenho sensações dentro da alma,
convulsões intempórias, vontade de gritar;
nessa loucura, nessa imundície qualquer,
meu sangue ferve e sobe para a raiz dos meus cabelos.

As cores do girassol, a saudade da infância,
sou morte e vida, mas sou também terra e vendaval;
e nesses ares altivos do meu mundo,
sou poeta que se consome na fome de me matar.

Mas também sou os braços do sol,
e por esse céu límpido sou o azul do sem fim;
o sorriso da criança nas tetas da mãe,
e o bafo quente do deserto na aridez dos meus erros.

Escrevo sem perguntar pela minha caligrafia,
e no topo do meu crânio existem brasas,
prontas para queimar o brilho dos meus olhos;
não temo a noite, mas temo a cegueira da minha cegueira.

Me perdi no pântano das rebeldias,
e o uivo do lobo encheu-me de fúria;
não quero dizer nada, dizendo tudo ao mesmo tempo,
pois me tranquei no quarto solitário do arrependimento.

Mas sou feliz e rasgo meu sorriso para qualquer miserável que chora.
Dentro do meu peito há explosões e calmarias;
sou o hoje, e hoje, não direi viva a liberdade,
nem serei o pastor que pastoreia nas veredas do vento.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

terça-feira, 29 de outubro de 2019

       Olá meus queridos seguidores e visitantes; Saudações e muita saúde! Sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje postei pra vocês a biografia de uma poeta norte americana chamada Emily Dickinson. Poeta extremamente individualista e genial. Vamos lá:

        Emily Dickinson nasceu em Amherst, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 10 de dezembro de 1830. Iniciou seus estudos na Amherst College, e com 17 anos ingressou no Mount Holyoke, um colégio de moças, em Sout Hadley, onde pemaneceu durante um ano, quando abandonou o curso após se recusar a declarar sua fé.
        Em uma viagem à Filadélfia, Emily conheceu o reverendo Charles Wadsworth, de 41 anos, por quem se apaixonou, mas nunca foi correspondida. Essa paixão pelo reverendo passou a exercer grande influência em sua inspiração poética. A natureza também é uma constante na poesia de Emily.
        Emily Dickinson era uma jovem tímida, que se tornou reclusa e dedicada a escrever poesia. Dos mais de 1.700 poemas que escreveu, menos de uma dezena foi publicado em sua vida. Três poemas de Emily foram musicados pela cantora Carla Bruni e lançados no disco "Promises", de 2007. São eles:
"If you were coming in the fall", I went to heaven" e "I felt my life with my hands". Emily faleceu em sua cidade natal, no dia 15 de maio de 1886. A maior parte de sua poesia ainda está por ser publicada!

           Emily Dickinson, em sua obra, por diversas vezes se valeu de fortes imagens numa tentativa d aproximação do conceito de poesia -- sempre ligada ao amor e à verdade, e mesmo a uma perturbação mental a que o sujeito é submetido quando exposto esse estado -- o do amor atravessado pela morte. "Faz-se o amor -- dizia ela -- quando o amor nasce/o sábio diria/mas o que sabe um sábio?/a verdade adia a dádiva."
"Se eu leio -- ela continuava dizendo -- um livro e ele torna meu corpo tão frio que nenhum fogo é capaz de aquecê-lo, sei que aquilo é poesia. Se sinto fisicamente como se o topo da minha cabeça estivesse a ser arrancada, sei que aquilo é poesia. São as únicas maneiras de saber. Existe alguma outra?"

Poema:

-- sim -- digo-te, pousando as mãos nos teus joelhos: -- desejo encontrar alguém que me ame com bondade, e saiba ler.
-- Alguém que queira ressuscitar para ti?
-- sim, alguém que tenha para comigo essa memória.

Alguém que deixe espaços entre as palavras para evitar
que a última se agarre à próxima que vou escrever
alguém que admita que a cartografia dos animais e da pontuação
não está ainda estabelecida
alguém que eu possa ler diferentemente depois de me ler
alguém que dirá aos animais e às plantas que nem sempre
serão servos
alguém que nos amarmos se reconheça de matéria estelar
ou seja, Témia,
ou seja,
"fazer amor, como o nome o indica, é poesia."

(Emily Dickinson)

postado pelo poeta: Júlio Dalvorine  

sábado, 26 de outubro de 2019

Olá galera! Tudo bem com vocês? Sou o poeta Júlio Dalvorine e é com extrema satisfação que estou postando mais um poema autoral. Espero de verdade que gostem:

DEUS ESTELAR

Deito-me sobre as estrelas,
cometas temperam meu sabor;
um sol nasce em Aquarius nobre,
dez mil sois morrem em Sagitário...

Em meu livro há poeira cósmica,
reflexos da total criação;
ao longe brota fogo dos olhos
da nebulosa gigante de Adão.

E se quero ainda mais liberdade,
me faço amigo do grande Órion;
piso no cosmos, tropeço em Agameta,
depois corro por todo universo em expansão...

Está escrito no tempo:
se prestares atenção nas estrelas,
verás a astrologia dançando,
e ouvirás a mais bela música de Deus se fazendo.

Diante de mim vejo o brutal recomeço,
das caravanas iluminadas da cosmologia;
e mais adiante, no espaço da física,
o mundo todo se tempera com a magia de Salomão.

Noite e dia dizem adeus as alturas,
e meus braços tocam nos pedaços adiamantados,
das pernas compridas da sagrada poesia;
que hoje rabisco, sob o corpo esbelto, das longínquas estrelas douradas.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

A Poesia Romântica no Brasil: Segunda Geração - Extensivo Português | De...

BIOGRAFIA DE MIGUEL ANGEL ASTURIAS só aqui no canal "Arte e Cultura"

BIOGRAFIA DE MIGUEL ANGEL ASTURIAS só aqui no canal "Arte e Cultura"

Sou o poeta Júlio Dalvorine e, hoje estou postando pra vocês um poema muito especial. Não sei porque mas, sou apaixonado por esse poema. Vamos lá:

PROCURA-SE UMA ESTRELA

Procura-se uma estrela.
Não uma estrela mulher ou homem,
mas, uma estrela mesmo, de verdade;
talvez vinda de outra galáxia...

A noite quase sempre
ponho-me a observar o infinito;
bilhões de sois guardam o segredo da vida,
e tudo que posso fazer é conjeturar minhas lendas pessoais.

Tenho muitos sonhos...
e as vezes me pergunto
o que haverá para além desse mundo;
qual o segredo de todos os mistérios?

Cordões estelares me conduzem,
arrastam minhas esperanças;
fazem-me voltar a ser criança
com olhinhos de bola de gude.

Sei que muitas dessas estrelas
já nem existem mais,
e que só suas luzes continuam lá, fertilizando nossa imaginação;
talvez para mostrar que algo permanece depois do suposto fim do corpo.

Feito carrossel de pensamento,
sempre girando à nossa volta;
e quando menos esperamos acontece a troca,
nosso casulo cede espaço ao que temos de melhor por dentro;
numa reveladora forma de ver no infinito, trilhões de frases soltas,
a espera que um poeta, as costurem num poema lindo e louco;
no cataclismo, de um romance perfeito...

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

          Olá pessoal que me segue no canal "Arte e Cultura", sou o poeta Júlio Dalvorine e, hoje postarei pra vocês um artigo interessantíssimo sobre um mestre da literatura universal. Abraços a todos e espero que este texto seja de bom aproveitamento cultural e intelectual para estudantes, e a todo público interessado nas coisas do mundo das letras e do pensamento.

      UM POUCO SOBRE A OBRA DE HONORÉ DE BALZAC E SEU PENSAMENTO

          Como Shakepeare, balzac pinta todas as variedades de tipos humanos -- tanto as sombras como as luzes. E, como Shakespeare, ele não deixa contaminar-se pelas doenças mentais e pelas degradações morais que escolheu para descrever. Pinta a decadência e a queda da nobreza e o aparecimento da burguesia -- o banqueiro, o caçador de fortuna, o novo rico. Seus romances são a epopéia da cobiça sórdida, uma incoesível de êxito material. Balzac é o poeta-mor do ímpeto capitalista. O dinheiro é o único critério para medir a dignidade do homem. É o sangue que corre nas veias dos seus tipos. fornece-lhes o oxigênio para os pulmões, o alimento para o cérebro e o evangelho para o coração. O tinir das moedas é sua música, sua poesia, sua filosofia, sua religião, sua vida. É o objeto dos seus sonhos. Sob a magia do ouro criam beleza e perpetuam crimes. A bolsa é a arena de batalhas heroicas e de traições infames. O dinheiro se reproduz, a moeda atrai a moeda, uma nota de cinco francos tem ciúmes de uma de dez e luta para crescer. O dinheiro é a força cósmica que domina a terra. É Próspero e Caliban, o deus e o diabo que abalam o mundo.
          Balzac entra pomposo pelos salões a dentro, pelos escritórios comerciais e rasga o véu da hipocrisia que cobre suas personagens, desnuda-lhes as almas. Mas desdenha julgá-las. Pois, como poderia fazê-lo? O homem classifica todas as coisas por abstrações -- bem e mal, virtude e vício -- palavras que tem significado diferente para povos diferentes. A justiça do homem é cega. "somente Deus vê em sua justiça". E que dizer-se desta tola terra em que vivemos? "Existirá ela num universo de loucura?" A esta pergunta Balzac dá uma resposta negativa. O universo move-se para um fim lógico e este fim não pode ser uma sociedade organizada como a nossa. Um terrível vácuo existe entre nós e o céu. O homem não é uma criação realizada inteiramente; se o fosse, Deus não o seria. No entanto, de tudo isto, " do espetáculo de nossa sociedade -- essa sociedade na qual a filantropia é um erro magnífico e o progresso apenas um grito sem significação -- eu obtive uma confirmação da verdade: que a vida está dentro de nós e não fora de nós; que elevar-nos acima dos nossos semelhantes com o proposito de dirigí-los é apenas glorificar a carreira de um mestre -- escola; e que os homens bastantes fortes para se elevarem ao nível de onde possam gozar a vida do céu, não devem voltar as vistas para os próprios pés."
          Com esta filosofia a guiá-lo, Balzac dividiu os povos do mundo não em heróis e vilões, homens bons e maus, mas em agentes, pensadores e videntes. No nível mais baixo colocou os homens de ação: os lutadores, os comerciantes, os cambistas, os campeões da atividade e da energia. Em seguida vem os homens de pensamento: os cientistas, os eruditos, os filósofos, os professores, os dirigentes. Por fim vem os homens de visão: os poetas, os artistas, os músicos, os profetas, os salvadores do mundo. É o destino do homem, acreditava Balzac, elevar-se da ação à visão, através da abstração. E então, ao alcançar o último degrau, a carne material do homem retornará à sua origem divina: o mundo espiritual de Deus...
          Balzac nunca chegou a completar seu plano grandioso. Ele era mais um artista que um artífice. E  somente este último pode levar a cabo sua missão. Cada romance que compõe a COMÉDIA HUMANA foi escrito numa febre de trabalho. Seu estilo era obscuro. O fogo de sua inspiração era frequentemente obscurecido pelo fumo de uma fraseologia pesada. mas até o fim de sua vida ele lutou com o peso de sua criação e deixou um monumento imponente na sua força, apesar de não completamente terminado.

(texto extraído da obra: VIDAS DE GRANDES ROMANCISTAS)
autoria de HENRY THOMAS
traduzido por JAMES AMADO
e postado pelo poeta JÚLIO DALVORINE
 

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

                        BIOGRAFIA DO POETA ESPANHOL FEDERICO GARCIA LORCA

           Federico Garcia Lorca (1898 - 1936), foi poeta e dramaturgo espanhol. Considerado um dos grandes nomes da literatura espanhola, levou para sua poesia a paisagem e os costumes da terra natal. Foi um dos maiores representantes do teatro poético do século XX.
          Federico Garcia lorca nasceu em Fuente Vaqueros, província de Granada, Espanha, no dia 5 de junho de 1898. Filho de Federico Garcia Rodriguez, próspero negociante de açúcar e, da professora Vicenta Lorca. Mudou-se com a família para Asquerosa, onde frequêntou a escola primaria.
          Em 1909 mudou-se para Granada onde cursou a escola secundária no colégio do Sagrado Coração de Jesus. Em 1914, ingressou no curso de direito na Universidade de Granada, por imposição da família, pois, sua vocação mesmo, sempre fora a poesia. Também revelou interesse pela música e teatro.
         Em 1918, Garcia Lorca escreveu um livro sobre Castela; seu primeiro livro, intitulado " IMPRESSÕES E PAISAGENS". Essa obra teve o patrocínio de seu pai. O livro foi bem recebido pela critica. Em 1919, mudou-se para Madri onde continuou os estudos, diplomando-se em 1923. Nessa época aproximou-se de grandes nomes da vanguarda artística espanhola. Tornou-se amigo íntimo de Salvador Dalí, Manuel de Falla, Luís Bunuel e Rafael Albert.
        Como dramaturgo, Garcia Lorca só teve reconhecimento a partir de 1933, com as peças "BODAS DE SANGUE", "YERMA" e "A CASA DE BERNARDA ALBA". Esta, é sua obra dramática suprema.
        Federico Garcia Lorca foi fuzilado na cidade de Granada, Espanha, no dia 18 de agosto de 1936, por ordem de oficiais da ditadura do general Francisco Franco, no auge de sua produção literária. Lorca jamais deixou de manifestar sua aversão aos fascistas e aos militares franquistas. Era considerado comunista pela facção ultradireitista. Foi uma das vítimas da guerra civil espanhola que matou mais de um milhão de pessoas. Até hoje seus restos mortais não foram encontrados.

Dois poemas de Garcia Lorca:

(PENSÁVAMOS QUANDO CRIANÇA QUE AS MONTANHAS)

 Pensávamos quando criança que as montanhas
existiriam por toda a eternidade,
que aqueles charmosos gigantes não morreriam nunca;
logo suspeitamos que estávamos equivocados,
as montanhas também morrem
como o mais frágil dos homens.

(VOLTO A INICIAR A FUGA, NÃO QUERO DORMIR)

Volto a iniciar a fuga, não quero dormir.
A parte meteorológica é idêntica cada dia:
toda a cidade é um quirófano,
prateado e instrumental,
hierático ri entre mãos de médicos barrocos.
Os negros orifícios da carne
se tampam com flores dissecadas.

(a tradução dos poemas, foi feita pelo poeta mineiro, Júlio Dalvorine)

Fonte para produção do texto: www.ebiografia.com

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

                                            BIOGRAFIA DO POETA JÚLIO DALVORINE

                                           JÚLIO DALVORINE POR JÚLIO DALVORINE

       Nasci no final do ano de mil novecentos e setenta e dois; mais precisamente em vinte seis de novembro, na cidade de Alfenas sul de Minas Gerais.
       Filho de Therezinha Gonçalves dos Santos e João Augusto da Costa. Pessoas humildes, sendo minha mãe do lar e meu pai lavrador. Minha saúde não era lá essas coisas, pois desde pequenininho, apresentei problemas graves; chegando a ter uma mancha negra no pulmão esquerdo.
       Um fato interessante sobre mim, é que minha mãe conta que durante a gravidez, alguns meses antes do meu nascimento, ela teve um sonho que eu considero um pouco estranho -- sonhou que estava num hospital e todos vestiam roupas brancas, havia uma fila de mulheres, todas querendo saber de seus filhos. O homem de branco chamava uma por uma das mães e na parede que também era toda banca, apareciam os retratos dos futuros bebes. Quando chegou a vez de minha mãe, o tal homem de branco a chamou e lhe disse:
-- A senhora quer saber de seu filho? -- minha mãe rapidamente lhe disse que sim; e o homem continuou:
-- então olhe para a parede, a senhora verá várias imagens de bebes passarem a sua frente; quando chegar a vez do seu bebe, a senhora me avise.
        Assim foram passando várias "fotos", até que minha mãe apontou com o dedo para uma imagem e disse ao homem:
-- aquele é o meu bebe!
         O homem imediatamente perguntou se ela tinha certeza que aquela criança era sua e, ela disse que sim. Então olhou por alguns minutos a foto que chegou até ela e depois acordou.
         O fato é que quando eu nasci minha aparência era idêntica a do bebe que havia aparecido em sonho a ela. Minha mãe ficou impressionada com esse acontecimento. Ah! Outra coisa que a impressionou bastante também, é que na hora do meu nascimento, uma forte tempestade acompanhada de enorme ventania, entrou pelas janelas da maternidade; obrigando as enfermeiras correrem para fechar tudo rapidamente. Afirmaram depois, que isso nunca havia acontecido antes. Foi uma ocorrência incomum em suas vidas.
        Praticamente por toda minha infância e adolescência, morei no campo. Meus pais semi-analfabetos dependiam da lida braçal nas lavouras de café. Minhas primeiras lembranças, lá pelos dois ou três anos de idade, é quando meus pais me trancavam no bezerreiro -- pequeno cercado onde prendem os bezerrinhos -- e enquanto eles ordenhavam as vacas eu por minha vez comia ração junto com os filhotes. Era uma delícia, me sentia também um gabiru.
        Na lavoura de café, minha mãe e meu pai me levavam e eu ficava brincando com as outras crianças, enquanto os frutos eram colhidos.
         Sempre fui um menino diferente... me via um grande líder, governando com justiça e retidão toda uma nação feliz. Sempre introspectivo, nunca fui de muitas falas, contentava-me em responder, sim sim; não não. Dessa maneira fui crescendo.
         Em minha casa não havia livros, pois meus pais não se davam com a leitura. se não fosse meu irmão mais velho, que por essa época, estudava os primeiros anos do curso primário e, como era semi-alfabetizado já conseguia ler para mim quase sempre um livrinho chamado "AS MAIS BELAS HISTÓRIAS", vários contos; sendo um deles que me ficou na memória é o de DONA COTIA, QUE NÃO DORMIA NEM DE NOITE, NEM DE DIA. Eu ficava encantado com aquelas histórias fabulosas e, jurei a mim mesmo que quando crescesse, não só leria livros mas, também os escreveria a mão cheia.
        Mas, minha dificuldade na escola, era grande; não conseguia aprender ler, muito menos escrever. Devido a não parar em escola nenhuma, pois, meus pais ficavam mudando de fazenda em fazenda, várias vezes ao ano. Assim, eu não conseguia me familiarizar com nenhuma turma de escola. Talvez seja por esta razão que eu tinha tanta dificuldade em me adaptar. Sem contar que em muitas dessas fazendas, não havia escola e por isso, tanto eu, quanto meu irmão mais velho Carlos Henrique da Costa, tivemos um atraso escolar ainda maior.
        E assim, cheguei aos dez anos de idade e, como de costume, mudamos para uma nova fazenda. Uma semana depois, fui me matricular na escola do lugar. Acontece que com essa idade toda, ainda não havia aprendido a ler nem a escrever. Então tive uma ideia... e arquitetei comigo mesmo -- vou mentir para minha professora dizendo a ela que já estou na quarta série -- mas, mal sabia eu que este plano me sairia caro demais.
       Então, na manhã seguinte, fui para a escola e lá encontrei uma professora medíocre, grosseira e completamente despreparada para trabalhar com alfabetização. A escola, era pequena e muito simples, com apenas uma sala, onde as turmas dividiam o mesmo quadro e, por sua vez, a mesma professorinha. Dessa forma, tratei logo de por em prática o meu plano estratégico... assim que a mestra me perguntou qual era minha séria escolar, mais que depressa lhe respondi que estava na quarta séria.
       Então ela mandou que eu me sentasse junto das crianças maiores; sacou de uma cartilha difícil de ler e a colocou em minhas mãos. Notei por esse momento, devido a uma olhadela, que a mestra não ia muito com minhas fuças. Assim, a aula começou... os alunos eufóricos, falavam alto, discutiam e a professora nada de interrompê-los. Uma bagunça geral! Até que a danada da mulher, numa fisgada, mirou-me no rosto e bradou: -- meus queridinhos, hoje temos na escola um novato, que por sinal está na quarta série e como de costume, no primeiro dia o texto será lido por ele.
       Então a criatura foi até mim, abriu a bendita cartilha numa página e mandou que eu a lesse. O problema eram meu analfabetismo e minha mentira que logo seriam descobertos.
       Gagueja daqui, suspira de lá e nada de ler  lição! Então a professora com olhar se serpente venenosa, gritou furiosa: -- Você me disse que está na quarta série, mas, qual aluno chega a quarta série sem saber ler!? Ah, seu danado, você mentiu para mim; você não tem é série alguma. Mentiroso! Com essas falas ela concluiu o discurso dizendo: -- amanhã a diretora geral do município, vai vir aqui na escola e, como não dou aula do pré-primário, quem não sabe ler não pode estudar aqui. Dessa feita vou dizer para ela, que você seu Júlio, não pode continuar assistindo as aulas com a turma.
       Disse isso e tomou-me a cartilha da mãos; e riu gostosamente da minha cara, acompanhada é claro, de toda a classe. sem contar que na hora do recreio, moleque de quase dois metros, convidou-me para um duelo; dizendo que iria arrebentar-me em vários pedaços. Eu, omo não era bobo nem nada, caí fora desse embate. Pois, se eu me aventurasse a essa façanha, acho que não me restaria nenhum dos dentes que hoje ainda tenho; e nem preciso explicar porquê. Quando terminou a aula fui para casa, cabisbaixo e tristonho, pensando no fundo da alma: -- e agora? Vou ter que parar de estudar! Pois amanhã a diretora vai saber que não sei ler e, portanto não tenho como continuar a assistir as aulas.
       Cheguei em casa, guardei o embornal -- sacolinha que s usava antigamente para levar os livros e cadernos para a escola -- e fui brincar. havia por aquela região, belas campinas, e bosques fabulosos com árvores frondosas; e então eu já era poeta e não sabia. A noite, tomei um banho de bacia -- era assim que se tomava banho na roça -- e depois do jantar a luz de lamparina -- vasilhame com pavio cheio de querosene ou óleo -- expus o ocorrido a minha mãe. Disse a ela que não poderia continuar meus estudos naquela escola, devido a não estar no mesmo nível que os outros alunos, uma vez que as crianças já sabiam ler e escrever.
       Minha mãe ficou com pena e mesmo com seu pouco conhecimento, abriu um livro e começou a me apresentar as letras. Então um milagre aconteceu... de repente, num estalo, eu consegui ler toda aquela página do livro sozinho. Eu não estava acreditando naquilo. Como de uma hora para outra, alguém pode se alfabetizar? Mas juro por Deus, aconteceu comigo! E minha mãe teve um importante papel nisso tudo.
       Então, feliz da vida fui dormir. Na manhã seguinte segui para a escola, chegando lá, guardei segredo sobre minha misteriosa aprendizagem. A professora por sua vez, nem para o meu lado olhava, desfazendo de mim. Quando deu mais ou menos oito horas, a referida diretora chegou; olhou para a classe e disse: -- bom dia crianças! Disse isso em tom baixo e, começou a conversar com a professora. Conversa vai, conversa vem e logo sobrou para mim; a minha sapientíssima mestra lecionadora apontou-me com o dedo e escandalosamente disse para a diretora: -- olha só, aquele menino começou ontem aqui na escola e logo de cara mentiu para mim, dizendo que estava na quarta série, mas, não é que ele não sabe nem o "A" de cabeça para baixo! sendo assim, não vou ter como ficar com ele aqui, pois temos só um quadro que com grande sacrifício eu o divido entre a terceira e quarta séries... como ele não sabe ler eu creio não poder ajuda-lo. E para provar que estou dizendo a verdade, vou mandar que ele leia alguma coisa para a senhora ver. Dessa forma, as duas foram até mim e tacou a cartilha sobre a velha carteira e, escolhendo um texto aleatoriamente, pediu-me que o lesse.
         Então, com toda mestria li toda a lição de uma golada só; nunca esbanjei tanta fluência como naquela hora. A diretora furiosa com a professora, disse: -- Ora, ora! Muito bonito seu papel como professora, hem! A senhora está me saindo uma bela ignorante, pois, essa criança não só lê maravilhosamente bem, como também tem segurança na transmissão do texto. A professora muito envergonhada me olhou com seus olhos de serpente peçonhenta... provavelmente me estrangularia quando eu ficasse a sós com ela. Virou-se para a diretora com sua face medíocre e tentando se defender, disse: -- senhora diretora, esse rapazinho é um diabo! Pois, fingiu tão bem que acreditei nele. Então, foi a vez da diretora chamar a professora na chincha, dizendo-lhe: olha olha! Quero mudanças nessa escola!... O menino não só deve continuar aqui, como também deve ser incentivado todos os dias, como todas as crianças da classe, e seguir estudando sempre com muito afinco; e não se assuste se eu dizer a senhora que essa criança tem até boa inteligência! tem chances de quando crescer até ser alguém na vida. Disse isso, virou-se, entrou no carro e nunca mais a vi.
     Por essas horas, eu fiquei um tanto ressabiado pensando no que poderia me fazer de mal por vingança aquela mestra maluca e ruim. mas, não é que a megera meio pálida e tremula, mirou-me novamente com o mesmo dedo e disse: -- de onde você saiu, moleque esquisito!? Você é muito falso e mentiroso, acabou com minha reputação! A diretora nunca mais irá confiar em mim. Tudo isso por sua culpa!
      Fiquei no meu canto encolhidinho feito uma cobra que depois de picar se contorce de satisfação... eu havia dado uma lição de boas maneiras naquela charlatã. E pior, nem sei como consegui, pois, um dia antes eu era tão alfabetizado quanto um burro xucro na carroça. Ou seja, era totalmente tapado para as letras. Mas, nesse dia voltei para casa feliz da vida, afinal eu estava lendo com bastante perfeição e esse sempre fora o meu maior sonho.
       Agora podia ler os livros que eu sempre quisera. Não voltei mais naquela escola e, o bom é que meus pais não se importavam quanto a isso, pois para eles estudar era pura perda de tempo na vida. Uma outra coisa que também quero contar aqui e, que marcou minha vida, é sobre a casa em que nós morávamos nessa roça... acreditem ou não, essa casa era assombrada; descobri isso quando meus pais me deram para dormir um quartinho que dava para o corredor. Ali pelas dez horas da noite, todos se recolhiam, fechavam suas portas e eu ficava sozinho no escuro e no único quarto da casa que não tinha porta e dava para o corredor. Naquela casa velha não havia luz elétrica e, quase sempre eu perdia o sono olhando para o corredor escuro que dava para a cozinha.
        Foi quando lá pela meia noite, eu já me borrando de medo, comecei a ouvir panelas caírem, gemidos por todo o ambiente e então senti calafrios pelo corpo inteiro. Era de fato uma tortura. Não via a hora de mudar-me daquela casa. Quando clareava o dia, eu sempre ia até a cozinha para ver se as paredes estavam ainda lá, ou se havia algo quebrado, mas, como sempre, tudo estava em ordem e arrumado.
        Esse fantasma sabia mesmo se divertir a custa do meu medo. Ficamos nessa casa por uns cinco meses, depois, graças a Deus nos mudamos. Passamos uma temporada na cidade (Alfenas) e depois nos mudamos de novo... fomos morar noutra roça. Era uma fazenda pequena com uma casa grande e confortável. meu pai cuidava da ordenha e da pequena lavoura de café que lindamente se formava. o proprietário das terras chamava-se Antônio de Oliveira -- antigo comerciante, bastante conhecido na região -- que por sua vez, apelidara meu pai de "boca rica", esse apelido era devido meu pai não ter dentes... quem não tem dentes não tem por sua vez cáries, nem dores na boca".
       Nessas terras, até que fui feliz! Havia cavalos, não nosso, mas, como éramos responsáveis por tudo ali, podíamos usufruir desses animais. E então decidi aprender cavalgar. Essa é outra história que vou contar a vocês, e que acho muito interessante. Minha primeira montaria foi numa égua parda e sem arreio; quando subi no dorso do animal, tombei do outro lado de prancha no chão. Isso tudo em questão de segundos. A égua me olhava com um olhar do tipo dizendo: -- esse sujeito é um grandessíssimo otário. Levantei-me, bati a poeira e lá fui novamente para cima das costas da tal, outra vez. E então pensei: -- poxa, já sou um cavaleiro! E quase me vi de armadura, lança e escudo. Mas, na verdade eu era apenas um moleque pobre, de bermuda velha, camisa de abotoar rasgada, cara suja e pés no chão.
       Puxei as rédeas, inclinei o pescoço de bichana e como sempre tive idéias brilhantes, resolvi levar o animal para beber água no açude; chegando às margens do lago, olhei os freios na boca da égua, fiquei com dó e os tirei, pois, desse modo eu jurava estar ajudando o animal a se sentir melhor e mais a vontade. Mas, o problema é que a danada quando percebeu que eu era de fato um idiota, resolveu nadar um pouco, e o pior, me levando nas costas. Foi entrando na água e dali a pouco, estávamos no meio do açude; e como ela estava solta, sem cabresto, não conseguia faze-la voltar as margens, tive de ser muito paciente enquanto navegávamos por todos os cantos da represa. Até que uma hora o animal se cansou e voltou por sua livre e espontânea vontade para o seco.
        E assim, aprendi uma tremenda lição...  nunca seja estúpido o suficiente para confiar num animal; principalmente nos cavalos. Pois eles poderão sacanear muito com você! Meu pai me acordava todos os dias às cinco da matina para pegar o cavalo no pasto, para depois da ordenha das vacas levar o leite até o ponto onde o caminhão leiteiro passava. O problema é que era inverno e o pasto estava muito congelado, me molhava todo; foram assim todas as manhãs da minha infância.
         Por essa época, eu já havia me matriculado na nova escola; iria fazer a primeira série do antigo primeiro grau. Eu ia sempre a pé e descalço pisando nos pedregulhos, machucando sempre as pontas dos dedos, era um inferno, mas, mesmo assim eu gostava de assistir as aulas. Minha professora se chamava Lyris... era uma boa mulher dentro do contexto de uma escola rural. Logo me acostumei com ela e com meus colegas de classe. Estudei nessa escola por quatro anos e bombei (repetir de ano) na quarta série, devido as minhas faltas... eu havia faltado quase metade do ano para apanhar café e assim ganhar um dinheirinho para comprar uma camisa da seleção brasileira. Estávamos em plena copa do mundo de mil novecentos e oitenta e alguma coisa -- não me lembro direito da data -- mas, isso me custou caro, o Brasil perdeu a copa e eu perdi o ano escolar.
       Desanimado, saí da escola, parei de estudar. Nessa levada, nos mudamos mais outras tantas vezes para outras tantas fazendas. lembro-me agora de uma em que morávamos, cujo fazendeiro se chamava Dalmo. Lá aconteceu uma coisa muito interessante... por essa época eu tinha uns quatorze anos e minha obrigação como sempre era levar o leite até o ponto do leiteiro. O problema era que a égua que puxava a carroça estava em estado de gravidez avançado e, já não podia fazer muito esforço. A solução era uma mula que havia por lá; mas, essa danada era manhosa... quando a gente punha-lhe a carroça, o animal ia de ré até bater em alguma coisa, ou cair num buraco. Meu pai pelejou com ela tentando domesticá-la, mas, sem sucesso, desistiu. O chefe dele vendo a situação daquele animal resolveu sacrificá-lo. Mas, não sei porquê, mais uma vez fui tentar por a mula na carroça... pus o baixeiro no lombo dela e prendi a carroça. mas, antes de tudo falei baixinho ao seu ouvido: -- olha, é melhor você puxar a carroça, caso contrário você será morta, portanto se tem alguma inteligência é melhor fazer o seu trabalho! E não é que deu certo! A mula puxou a carroça... subindo e descendo morros com quatro grandes latões de leita. De fato, se tornou o melhor animal de carroça daquela fazenda. E meu pai para ganhar pontos com seu chefe, disse que fora ele quem endireitou a desobediência da mula. Eu bem sabia que a história havia sido muito diferente. No entanto, fiquei calado, pois, para mim o importante era o animal continuar vivendo.
         Hoje quando penso nessa ocorrência imagino que fora Deus quem fez aquela mula entender minhas palavras. Por essa época, eu ainda tinha uns quatorze anos e já havia parado de estudar, tinha que trabalhar o tempo todo para ajudar em casa.
        Mudamos para outras tantas fazendas, até que me vi com dezessete anos, trabalhando na lavoura de café de uma grande propriedade, na região de Machado no sul de Minas Gerais. Cansado daquela vida, desentendi-me com meu pai, o enfrentei para defender minha mãe, pedi as contas e mudei-me para Alfenas, também no sul de Minas Gerais -- por sinal minha cidade natal -- quando completei dezoito anos, resolvi voltar a estudar; mas, estava muito atrasado e por isso optei pelo módulo supletivo... confesso que por essa época mal sabia ler e escrever. Fiz primeiro e segundo graus por correspondência numa escola chamada Instituto Universal Brasileiro. Fazendo as provas em órgãos oficiais, sempre com mais dificuldade em matemática. Foi por essa data que comecei a ter meus primeiros contatos com a literatura... estudando autores estrangeiros e brasileiros; e frequentar a biblioteca de minha cidade. Nessa fase, pude ler também traduções de obras clássicas como: Os Lusíadas do Vate Camões, Paraíso Perdido do eterno poeta Inglês Milton; A Divina Comédia do italiano dante, Odisséia e Ilíada do gigante épico Homéro, Eneida do sublime Virgílio e vários outros autores e obras de cunho universal.
          Hoje, no final de dois mil e dezenove, estou com quarenta e sete anos e mais de vinte dedicados ao mundo literário; alguns milheiros de poemas e uma vida cheia de sonhos ainda por realizar. Como sou sagitariano nunca desisto do que almejo. Sendo assim, espero produzir outros tantos projetos que guardo na gaveta do meu cofre cerebral. E que Deus me ajude!

(texto extraído do livro RUBRO CORAÇÃO de autoria do poeta Júlio Dalvorine)
    

sábado, 19 de outubro de 2019

Olá meus queridos visitantes e seguidores, hoje é dia do poeta e, pensando nisso, compus um poema dedicado a todas essas almas que cultuam as Musas. Eis o poema:

UM DIA INTEIRO COM MEUS LIVROS

Em minha estante mental,
topei com alguns autores
Fernando Sabino e Chacal,
temperava os meus andores...

Também Jorge Luis Borges e Pablo Neruda
não me negaram ajuda, correram logo a dizer:
-- se queres ler boas rimas
procure bem lá em cima, um tal de Almeida Garret.

E toma a prece da criação verbal,
e se não saciares a alma, vá com calma,
tendes um livrinho antigo,
do tempo do bom amigo, Balzac da minha paixão.

Em volta de tantos compêndios,
versados autores de outros tempos,
da cavalaria só restavam,
páginas corroídas e amarelas palavras...

E do lado de trás da estante, próximo à parede,
notei um Vate de capa grande e verde,
corpo magro e um olho furado;
só podia ser Luis Vás de Camões em seu guinete.

De repente um vento soprou mais forte,
sei lá se por acaso ou sorte,
em minhas mãos veio parar Fernando Pessoa;
com sua obra moderna e boa.

Dessa forma não via às horas passarem,
em minha estante os livros se ajeitavam,
então percebi que os poetas não morrem, descansam;
e se transformam em livros, com toda sua equipagem.

(Poeta Júlio Dalvorine)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Olá meus queridos visitantes e seguidores do canal "Arte e Cultura", sou o poeta Júlio Dalvorine e postei mais este poema autoral para vocês:

GOTAS DE LUZ

Baila Nereida dos meus sonhos,
vivamos o doce sabor da vida;
e no bater das ondas na praia,
não caia, muita areia em seu vestido.

Pois a lua está a responder lá do alto,
assinalando toda minha alegria;
e tomei-lhe um beijo de assalto,
no ato, da beleza sua.

Quisera mil vidas durar meu destino,
ser homem, velho, depois menino;
e trazer na alma muito sério,
a marca que trovo e rimo.

Portanto baila Nereida dos meus sonhos,
que sigo compondo cantorias;
e feito falcão respondo,
em versos o que amo e sinto...

Temos o céu estrelado,
o vento soprando calado;
o mar de pele dourada,
e o infinito nobre e distinto.

Seus olhos, afirmo seguro: são gotas de luz,
que reflete em mim sem descanso;
o peso imenso da cruz,
que arrasto por seus cachos ruivos.

Fiquem todos com Deus e até a próxima postagem!

(Poeta Júlio Dalvorine)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Caderno de Poesias (1) - Maria Bethânia. Só aqui no canal "Arte e Cultura" viva a poesia brasileira!

Caderno de Poesias (1) - Maria Bethânia. Só aqui no canal "Arte e Cultura" viva a poesia brasileira!

Olá meus queridos visitantes e seguidores do canal "Arte e Cultura", sou o poeta Júlio Dalvorine e estou muito feliz por trabalhar no desenvolvimento deste canal. Hoje postarei mais um poema de minha autoria; espero que seja do agrado de todos.

POETA ESQUECIDO

Havia chuva no céu,
os ares estavam pesados,
e meu coração chorava
carente e sozinho...

Minha alma gritava,
se rasgava em fúria;
números, muitos números
rabiscavam meu tempo.

Era eu e o mundo
numa queda de braços;
e todo meu cansaço
se lavava com a chuva.

Eu havia engolido a poesia,
o verbo me faltava;
e como um câncer aumentava
a cada dia um pouco mais minha aflição.

Olhei atento para o meu segredo,
livro antigo com páginas rasgadas;
e na curva da minha estrada abandonada,
pela última vez vi o vulto daquela que tanto amei.

Eu, poeta esquecido,
jogado num canto feito brinquedo velho;
e por mais que fui sincero não me ouviram,
escarneceram das minhas Musas sagradas.

Mas feito guerreiro me ergui,
vesti minha armadura de prata;
e novamente fui para a batalha dos Vates,
com a pena numa das mãos e o livro de versos noutra.

(Poeta Júlio Dalvorine)

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

         Olá meus amados visitantes e seguidores do canal Arte e Cultura, eu o poeta Júlio Dalvorine hoje decidi apresentar para vocês um texto com o tema "SER IMORTAL", é legal, espero que todos curtam.

SER IMORTAL

"... Ser imortal é insignificante; com exceção do homem, todas as criaturas o são, pois ignoram a morte; o divino, o terrível, o incompreensível é saber-se imortal. Tenho notado que, apesar das religiões, essa convicção é raríssima. Israelitas e muçulmanos professam a imortalidade, mas a veneração que tributam ao primeiro século prova que só creem nele, já que destinam todos os demais, em número infinito, a premia-lo ou a castiga-lo. Mais razoável me parece a roda de certas religiões do Industão; nessa roda, que não tem princípio nem fim, cada vida é efeito da anterior e gera a seguinte, mas nenhuma determina o conjunto... Doutrinada num exercício de séculos, a república de homens imortais atingira a perfeição da tolerância e quase do desdém. Sabia que em um prazo infinito ocorrem a todo homem todas as coisas. Por suas passadas ou futuras virtudes, todo homem é credor de toda bondade, mas também de toda traição, por suas infâmias do passado ou do futuro. Assim como nos jogos de azar, os números pares e os números ímpares tendem ao equilíbrio, assim também se anulam e se corrigem o talento e a estupidez, e talvez o rústico poema de Cid seja o contrapeso exigido por um único epíteto das Églogas ou por uma sentença de Heráclito. O pensamento mais fugaz obedece a um desenho invisível e pode coroar, ou inaugurar, uma forma secreta. Sei dos que praticavam o mal para que nos séculos futuros resultasse o bem, ou tivesse resultado nos já pretéritos... Encarados assim, todos os nossos atos são justos, mas também são indiferentes. Não há méritos morais ou intelectuais. Homero compôs a "Odisséia"; postulado um prazo infinito, com infinitas circunstâncias e mudanças, o impossível seria não compor, sequer uma vez, a Odisséia. Ninguém é alguém, um só homem imortal é todos os homens. Como Cornélho Agripa, sou deus, sou herói, sou filósofo, sou demônio e sou mundo, o que é uma fatigante maneira de dizer que não sou.

(Poeta Júlio Dalvorine)

domingo, 13 de outubro de 2019

Resenha - "Eneida" (Virgílio) só aqui no canal Arte e Cultura

Resenha - "Eneida" (Virgílio) só aqui no canal Arte e Cultura

Gandhi - Documentário (Arquivo N) só aqui no canal Arte e Cultura

Gandhi - Documentário (Arquivo N) só aqui no canal Arte e Cultura

Olá meus queridos leitores, visitantes e seguidores. Eu o poeta Júlio Dalvorine publiquei mais um de meus poemas autorais. E do fundo do coração espero que todos vocês gostem:

O HOMEM QUE LIA... LIA

Naquele instante,
tudo parecia calmo...
O livro de alquimia sobre a mesa
e a janela entreaberta para a noite.

Fazia frio, era mês de junho;
as moitas de capim elefante
agitavam-se no compasso frenético do vento insistente,
enquanto no bule fervilhava o saboroso café.

Uma sensação de distância me sobrecaiu,
e não tive dúvida, algo mudara.
Vesti meu pijama e voltei para a sala...
Minhas leituras eram intermináveis!

Folheei uma, duas, três vezes a mesma página,
mas sem chegar a um entendimento satisfatório;
a reli outras tantas vezes, até que me acalmei.

Mal dera três da manhã e já estava desperto outra vez;
abri a janela e vi uma enorme estrela
que magistralmente enriquecia ainda mais,
meus sonhos descabidos de poeta.

Contemplei as montanhas envoltas em sombras,
e ouvi lá longe o canto bíblico de um galo...
Logo o sol estaria sobre minha cabeça,
e eu teria perdido mais uma vez o regalo do amanhecer...

Dessa maneira achei de bom tamanho,
voltar para cama e terminar minha noite;
estava ansioso, mas, não decifrei a página do livro.
Então estabeleci a mim mesmo: começaria do inicio tudo outra vez.

Queridos leitores, seguidores e visitantes do canal Arte e Cultura, me despeço por hoje mas, logo, logo, estarei publicando mais coisas enriquecedoras nesse canal. Levando arte e cultura para todos!

         (Poeta Júlio Dalvorine)

sábado, 12 de outubro de 2019

História da vida Santa Teresinha do Menino Jesus (1873 -1897) - Santa da...

Santa Teresinha - Novena das rosas religiosidade também é aqui no canal Arte e Cultura

Recital de poesias Sete Vozes de Drummond só aqui no canal Arte e Cultura

Recital de poesias Sete Vozes de Drummond só aqui no canal Arte e Cultura

Saudações meus amados visitantes e seguidores, hoje vou publicar aqui no canal Arte e Cultura mais um poema autoral. O compus há algum tempo. Espero que gostem!

QUALQUER FORMA

Não quero olhar para o lado,
e respirar coisas ruins.
Nem quero chorar isolado
num quarto qualquer sem luz.

Quero a flor das primaveras,
enfeitando meu jardim secreto;
e talvez dormir sossegado
no embalo da minha rede de estrelas.

A noite lá fora corrompe,
e sonhos cruéis me invadem;
não tenho mais brilho nos olhos,
mas posso ver a face de quem me idealiza.

Poeta e poesia se confundem,
misturam-se numa obra sem fim;
então deixem que eu siga para qualquer parte,
até mesmo para dentro de mim.

Minha literatura é um grito,
de horror e de exclamação...
Pois nela vai fundo um gemido,
de dor e extrema profanação.

Feito Titã a beira de um precipício,
assim meus versos se recolhem;
e o livro se encerra em formas disformes
e novamente sou reconstrutor interino de mim.

Fiquem todos com Deus e até a próxima postagem!

(Poeta Júlio Dalvorine)

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Carl Orff: Carmina Burana só aqui no canal Arte e Cultura

Meus amados visitantes e seguidores é com imensa satisfação que publico mais um de meus poemas autorais, me sinto muito feliz de poder escrever para vocês, faz-me imenso bem compartilhar um pouquinho que seja de mim para meus leitores. E aqui no canal arte e cultura a intenção é essa, "compartilhar conhecimentos". O que Deus deu de graça, de graça deve ser dado.

REDE DE IDÉIAS

Mesmo que os dias passem
e as noites fujam,
não tecerei minha manta de cetim,
nem prenderei minhas palavras
na prisão dos ideais do mundo.

Serei afável a liberdade;
e manso de coração.
Porei doçura nos frutos amargos,
construirei pontes para os cansados,
e dormirei junto ao descanso da multidão.

E antes que as estrelas desapareçam
na claridade dos dias,
cobrirei os oceanos e os montes
e vestirei de fantasia a imensidão dos campos;
tocando em minha harpa uma canção suave.

E quando todas as coisas estiverem perdidas,
descerei lentamente os degraus das espécies
e erguerei novas muralhas, plantarei ciprestes;
farei honrarias e propostas,
a todos que quiserem ouvir minhas palavras.

E depois do sétimo dia colherei trigo,
nos campos férteis da imaginação dos esquecidos;
transformando passado e presente,
numa coisa diferente de tudo até hoje já pensado,
na desconstrução dos pensamentos e dos fatos.
E quando a lua receber o anoitecer,
estarei dormindo embaixo das estrelas.

(Júlio Dalvorine)