terça-feira, 29 de outubro de 2019

       Olá meus queridos seguidores e visitantes; Saudações e muita saúde! Sou o poeta Júlio Dalvorine e hoje postei pra vocês a biografia de uma poeta norte americana chamada Emily Dickinson. Poeta extremamente individualista e genial. Vamos lá:

        Emily Dickinson nasceu em Amherst, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 10 de dezembro de 1830. Iniciou seus estudos na Amherst College, e com 17 anos ingressou no Mount Holyoke, um colégio de moças, em Sout Hadley, onde pemaneceu durante um ano, quando abandonou o curso após se recusar a declarar sua fé.
        Em uma viagem à Filadélfia, Emily conheceu o reverendo Charles Wadsworth, de 41 anos, por quem se apaixonou, mas nunca foi correspondida. Essa paixão pelo reverendo passou a exercer grande influência em sua inspiração poética. A natureza também é uma constante na poesia de Emily.
        Emily Dickinson era uma jovem tímida, que se tornou reclusa e dedicada a escrever poesia. Dos mais de 1.700 poemas que escreveu, menos de uma dezena foi publicado em sua vida. Três poemas de Emily foram musicados pela cantora Carla Bruni e lançados no disco "Promises", de 2007. São eles:
"If you were coming in the fall", I went to heaven" e "I felt my life with my hands". Emily faleceu em sua cidade natal, no dia 15 de maio de 1886. A maior parte de sua poesia ainda está por ser publicada!

           Emily Dickinson, em sua obra, por diversas vezes se valeu de fortes imagens numa tentativa d aproximação do conceito de poesia -- sempre ligada ao amor e à verdade, e mesmo a uma perturbação mental a que o sujeito é submetido quando exposto esse estado -- o do amor atravessado pela morte. "Faz-se o amor -- dizia ela -- quando o amor nasce/o sábio diria/mas o que sabe um sábio?/a verdade adia a dádiva."
"Se eu leio -- ela continuava dizendo -- um livro e ele torna meu corpo tão frio que nenhum fogo é capaz de aquecê-lo, sei que aquilo é poesia. Se sinto fisicamente como se o topo da minha cabeça estivesse a ser arrancada, sei que aquilo é poesia. São as únicas maneiras de saber. Existe alguma outra?"

Poema:

-- sim -- digo-te, pousando as mãos nos teus joelhos: -- desejo encontrar alguém que me ame com bondade, e saiba ler.
-- Alguém que queira ressuscitar para ti?
-- sim, alguém que tenha para comigo essa memória.

Alguém que deixe espaços entre as palavras para evitar
que a última se agarre à próxima que vou escrever
alguém que admita que a cartografia dos animais e da pontuação
não está ainda estabelecida
alguém que eu possa ler diferentemente depois de me ler
alguém que dirá aos animais e às plantas que nem sempre
serão servos
alguém que nos amarmos se reconheça de matéria estelar
ou seja, Témia,
ou seja,
"fazer amor, como o nome o indica, é poesia."

(Emily Dickinson)

postado pelo poeta: Júlio Dalvorine  

sábado, 26 de outubro de 2019

Olá galera! Tudo bem com vocês? Sou o poeta Júlio Dalvorine e é com extrema satisfação que estou postando mais um poema autoral. Espero de verdade que gostem:

DEUS ESTELAR

Deito-me sobre as estrelas,
cometas temperam meu sabor;
um sol nasce em Aquarius nobre,
dez mil sois morrem em Sagitário...

Em meu livro há poeira cósmica,
reflexos da total criação;
ao longe brota fogo dos olhos
da nebulosa gigante de Adão.

E se quero ainda mais liberdade,
me faço amigo do grande Órion;
piso no cosmos, tropeço em Agameta,
depois corro por todo universo em expansão...

Está escrito no tempo:
se prestares atenção nas estrelas,
verás a astrologia dançando,
e ouvirás a mais bela música de Deus se fazendo.

Diante de mim vejo o brutal recomeço,
das caravanas iluminadas da cosmologia;
e mais adiante, no espaço da física,
o mundo todo se tempera com a magia de Salomão.

Noite e dia dizem adeus as alturas,
e meus braços tocam nos pedaços adiamantados,
das pernas compridas da sagrada poesia;
que hoje rabisco, sob o corpo esbelto, das longínquas estrelas douradas.

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

A Poesia Romântica no Brasil: Segunda Geração - Extensivo Português | De...

BIOGRAFIA DE MIGUEL ANGEL ASTURIAS só aqui no canal "Arte e Cultura"

BIOGRAFIA DE MIGUEL ANGEL ASTURIAS só aqui no canal "Arte e Cultura"

Sou o poeta Júlio Dalvorine e, hoje estou postando pra vocês um poema muito especial. Não sei porque mas, sou apaixonado por esse poema. Vamos lá:

PROCURA-SE UMA ESTRELA

Procura-se uma estrela.
Não uma estrela mulher ou homem,
mas, uma estrela mesmo, de verdade;
talvez vinda de outra galáxia...

A noite quase sempre
ponho-me a observar o infinito;
bilhões de sois guardam o segredo da vida,
e tudo que posso fazer é conjeturar minhas lendas pessoais.

Tenho muitos sonhos...
e as vezes me pergunto
o que haverá para além desse mundo;
qual o segredo de todos os mistérios?

Cordões estelares me conduzem,
arrastam minhas esperanças;
fazem-me voltar a ser criança
com olhinhos de bola de gude.

Sei que muitas dessas estrelas
já nem existem mais,
e que só suas luzes continuam lá, fertilizando nossa imaginação;
talvez para mostrar que algo permanece depois do suposto fim do corpo.

Feito carrossel de pensamento,
sempre girando à nossa volta;
e quando menos esperamos acontece a troca,
nosso casulo cede espaço ao que temos de melhor por dentro;
numa reveladora forma de ver no infinito, trilhões de frases soltas,
a espera que um poeta, as costurem num poema lindo e louco;
no cataclismo, de um romance perfeito...

(autoria: poeta Júlio Dalvorine)

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

          Olá pessoal que me segue no canal "Arte e Cultura", sou o poeta Júlio Dalvorine e, hoje postarei pra vocês um artigo interessantíssimo sobre um mestre da literatura universal. Abraços a todos e espero que este texto seja de bom aproveitamento cultural e intelectual para estudantes, e a todo público interessado nas coisas do mundo das letras e do pensamento.

      UM POUCO SOBRE A OBRA DE HONORÉ DE BALZAC E SEU PENSAMENTO

          Como Shakepeare, balzac pinta todas as variedades de tipos humanos -- tanto as sombras como as luzes. E, como Shakespeare, ele não deixa contaminar-se pelas doenças mentais e pelas degradações morais que escolheu para descrever. Pinta a decadência e a queda da nobreza e o aparecimento da burguesia -- o banqueiro, o caçador de fortuna, o novo rico. Seus romances são a epopéia da cobiça sórdida, uma incoesível de êxito material. Balzac é o poeta-mor do ímpeto capitalista. O dinheiro é o único critério para medir a dignidade do homem. É o sangue que corre nas veias dos seus tipos. fornece-lhes o oxigênio para os pulmões, o alimento para o cérebro e o evangelho para o coração. O tinir das moedas é sua música, sua poesia, sua filosofia, sua religião, sua vida. É o objeto dos seus sonhos. Sob a magia do ouro criam beleza e perpetuam crimes. A bolsa é a arena de batalhas heroicas e de traições infames. O dinheiro se reproduz, a moeda atrai a moeda, uma nota de cinco francos tem ciúmes de uma de dez e luta para crescer. O dinheiro é a força cósmica que domina a terra. É Próspero e Caliban, o deus e o diabo que abalam o mundo.
          Balzac entra pomposo pelos salões a dentro, pelos escritórios comerciais e rasga o véu da hipocrisia que cobre suas personagens, desnuda-lhes as almas. Mas desdenha julgá-las. Pois, como poderia fazê-lo? O homem classifica todas as coisas por abstrações -- bem e mal, virtude e vício -- palavras que tem significado diferente para povos diferentes. A justiça do homem é cega. "somente Deus vê em sua justiça". E que dizer-se desta tola terra em que vivemos? "Existirá ela num universo de loucura?" A esta pergunta Balzac dá uma resposta negativa. O universo move-se para um fim lógico e este fim não pode ser uma sociedade organizada como a nossa. Um terrível vácuo existe entre nós e o céu. O homem não é uma criação realizada inteiramente; se o fosse, Deus não o seria. No entanto, de tudo isto, " do espetáculo de nossa sociedade -- essa sociedade na qual a filantropia é um erro magnífico e o progresso apenas um grito sem significação -- eu obtive uma confirmação da verdade: que a vida está dentro de nós e não fora de nós; que elevar-nos acima dos nossos semelhantes com o proposito de dirigí-los é apenas glorificar a carreira de um mestre -- escola; e que os homens bastantes fortes para se elevarem ao nível de onde possam gozar a vida do céu, não devem voltar as vistas para os próprios pés."
          Com esta filosofia a guiá-lo, Balzac dividiu os povos do mundo não em heróis e vilões, homens bons e maus, mas em agentes, pensadores e videntes. No nível mais baixo colocou os homens de ação: os lutadores, os comerciantes, os cambistas, os campeões da atividade e da energia. Em seguida vem os homens de pensamento: os cientistas, os eruditos, os filósofos, os professores, os dirigentes. Por fim vem os homens de visão: os poetas, os artistas, os músicos, os profetas, os salvadores do mundo. É o destino do homem, acreditava Balzac, elevar-se da ação à visão, através da abstração. E então, ao alcançar o último degrau, a carne material do homem retornará à sua origem divina: o mundo espiritual de Deus...
          Balzac nunca chegou a completar seu plano grandioso. Ele era mais um artista que um artífice. E  somente este último pode levar a cabo sua missão. Cada romance que compõe a COMÉDIA HUMANA foi escrito numa febre de trabalho. Seu estilo era obscuro. O fogo de sua inspiração era frequentemente obscurecido pelo fumo de uma fraseologia pesada. mas até o fim de sua vida ele lutou com o peso de sua criação e deixou um monumento imponente na sua força, apesar de não completamente terminado.

(texto extraído da obra: VIDAS DE GRANDES ROMANCISTAS)
autoria de HENRY THOMAS
traduzido por JAMES AMADO
e postado pelo poeta JÚLIO DALVORINE
 

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

                        BIOGRAFIA DO POETA ESPANHOL FEDERICO GARCIA LORCA

           Federico Garcia Lorca (1898 - 1936), foi poeta e dramaturgo espanhol. Considerado um dos grandes nomes da literatura espanhola, levou para sua poesia a paisagem e os costumes da terra natal. Foi um dos maiores representantes do teatro poético do século XX.
          Federico Garcia lorca nasceu em Fuente Vaqueros, província de Granada, Espanha, no dia 5 de junho de 1898. Filho de Federico Garcia Rodriguez, próspero negociante de açúcar e, da professora Vicenta Lorca. Mudou-se com a família para Asquerosa, onde frequêntou a escola primaria.
          Em 1909 mudou-se para Granada onde cursou a escola secundária no colégio do Sagrado Coração de Jesus. Em 1914, ingressou no curso de direito na Universidade de Granada, por imposição da família, pois, sua vocação mesmo, sempre fora a poesia. Também revelou interesse pela música e teatro.
         Em 1918, Garcia Lorca escreveu um livro sobre Castela; seu primeiro livro, intitulado " IMPRESSÕES E PAISAGENS". Essa obra teve o patrocínio de seu pai. O livro foi bem recebido pela critica. Em 1919, mudou-se para Madri onde continuou os estudos, diplomando-se em 1923. Nessa época aproximou-se de grandes nomes da vanguarda artística espanhola. Tornou-se amigo íntimo de Salvador Dalí, Manuel de Falla, Luís Bunuel e Rafael Albert.
        Como dramaturgo, Garcia Lorca só teve reconhecimento a partir de 1933, com as peças "BODAS DE SANGUE", "YERMA" e "A CASA DE BERNARDA ALBA". Esta, é sua obra dramática suprema.
        Federico Garcia Lorca foi fuzilado na cidade de Granada, Espanha, no dia 18 de agosto de 1936, por ordem de oficiais da ditadura do general Francisco Franco, no auge de sua produção literária. Lorca jamais deixou de manifestar sua aversão aos fascistas e aos militares franquistas. Era considerado comunista pela facção ultradireitista. Foi uma das vítimas da guerra civil espanhola que matou mais de um milhão de pessoas. Até hoje seus restos mortais não foram encontrados.

Dois poemas de Garcia Lorca:

(PENSÁVAMOS QUANDO CRIANÇA QUE AS MONTANHAS)

 Pensávamos quando criança que as montanhas
existiriam por toda a eternidade,
que aqueles charmosos gigantes não morreriam nunca;
logo suspeitamos que estávamos equivocados,
as montanhas também morrem
como o mais frágil dos homens.

(VOLTO A INICIAR A FUGA, NÃO QUERO DORMIR)

Volto a iniciar a fuga, não quero dormir.
A parte meteorológica é idêntica cada dia:
toda a cidade é um quirófano,
prateado e instrumental,
hierático ri entre mãos de médicos barrocos.
Os negros orifícios da carne
se tampam com flores dissecadas.

(a tradução dos poemas, foi feita pelo poeta mineiro, Júlio Dalvorine)

Fonte para produção do texto: www.ebiografia.com

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

                                            BIOGRAFIA DO POETA JÚLIO DALVORINE

                                           JÚLIO DALVORINE POR JÚLIO DALVORINE

       Nasci no final do ano de mil novecentos e setenta e dois; mais precisamente em vinte seis de novembro, na cidade de Alfenas sul de Minas Gerais.
       Filho de Therezinha Gonçalves dos Santos e João Augusto da Costa. Pessoas humildes, sendo minha mãe do lar e meu pai lavrador. Minha saúde não era lá essas coisas, pois desde pequenininho, apresentei problemas graves; chegando a ter uma mancha negra no pulmão esquerdo.
       Um fato interessante sobre mim, é que minha mãe conta que durante a gravidez, alguns meses antes do meu nascimento, ela teve um sonho que eu considero um pouco estranho -- sonhou que estava num hospital e todos vestiam roupas brancas, havia uma fila de mulheres, todas querendo saber de seus filhos. O homem de branco chamava uma por uma das mães e na parede que também era toda banca, apareciam os retratos dos futuros bebes. Quando chegou a vez de minha mãe, o tal homem de branco a chamou e lhe disse:
-- A senhora quer saber de seu filho? -- minha mãe rapidamente lhe disse que sim; e o homem continuou:
-- então olhe para a parede, a senhora verá várias imagens de bebes passarem a sua frente; quando chegar a vez do seu bebe, a senhora me avise.
        Assim foram passando várias "fotos", até que minha mãe apontou com o dedo para uma imagem e disse ao homem:
-- aquele é o meu bebe!
         O homem imediatamente perguntou se ela tinha certeza que aquela criança era sua e, ela disse que sim. Então olhou por alguns minutos a foto que chegou até ela e depois acordou.
         O fato é que quando eu nasci minha aparência era idêntica a do bebe que havia aparecido em sonho a ela. Minha mãe ficou impressionada com esse acontecimento. Ah! Outra coisa que a impressionou bastante também, é que na hora do meu nascimento, uma forte tempestade acompanhada de enorme ventania, entrou pelas janelas da maternidade; obrigando as enfermeiras correrem para fechar tudo rapidamente. Afirmaram depois, que isso nunca havia acontecido antes. Foi uma ocorrência incomum em suas vidas.
        Praticamente por toda minha infância e adolescência, morei no campo. Meus pais semi-analfabetos dependiam da lida braçal nas lavouras de café. Minhas primeiras lembranças, lá pelos dois ou três anos de idade, é quando meus pais me trancavam no bezerreiro -- pequeno cercado onde prendem os bezerrinhos -- e enquanto eles ordenhavam as vacas eu por minha vez comia ração junto com os filhotes. Era uma delícia, me sentia também um gabiru.
        Na lavoura de café, minha mãe e meu pai me levavam e eu ficava brincando com as outras crianças, enquanto os frutos eram colhidos.
         Sempre fui um menino diferente... me via um grande líder, governando com justiça e retidão toda uma nação feliz. Sempre introspectivo, nunca fui de muitas falas, contentava-me em responder, sim sim; não não. Dessa maneira fui crescendo.
         Em minha casa não havia livros, pois meus pais não se davam com a leitura. se não fosse meu irmão mais velho, que por essa época, estudava os primeiros anos do curso primário e, como era semi-alfabetizado já conseguia ler para mim quase sempre um livrinho chamado "AS MAIS BELAS HISTÓRIAS", vários contos; sendo um deles que me ficou na memória é o de DONA COTIA, QUE NÃO DORMIA NEM DE NOITE, NEM DE DIA. Eu ficava encantado com aquelas histórias fabulosas e, jurei a mim mesmo que quando crescesse, não só leria livros mas, também os escreveria a mão cheia.
        Mas, minha dificuldade na escola, era grande; não conseguia aprender ler, muito menos escrever. Devido a não parar em escola nenhuma, pois, meus pais ficavam mudando de fazenda em fazenda, várias vezes ao ano. Assim, eu não conseguia me familiarizar com nenhuma turma de escola. Talvez seja por esta razão que eu tinha tanta dificuldade em me adaptar. Sem contar que em muitas dessas fazendas, não havia escola e por isso, tanto eu, quanto meu irmão mais velho Carlos Henrique da Costa, tivemos um atraso escolar ainda maior.
        E assim, cheguei aos dez anos de idade e, como de costume, mudamos para uma nova fazenda. Uma semana depois, fui me matricular na escola do lugar. Acontece que com essa idade toda, ainda não havia aprendido a ler nem a escrever. Então tive uma ideia... e arquitetei comigo mesmo -- vou mentir para minha professora dizendo a ela que já estou na quarta série -- mas, mal sabia eu que este plano me sairia caro demais.
       Então, na manhã seguinte, fui para a escola e lá encontrei uma professora medíocre, grosseira e completamente despreparada para trabalhar com alfabetização. A escola, era pequena e muito simples, com apenas uma sala, onde as turmas dividiam o mesmo quadro e, por sua vez, a mesma professorinha. Dessa forma, tratei logo de por em prática o meu plano estratégico... assim que a mestra me perguntou qual era minha séria escolar, mais que depressa lhe respondi que estava na quarta séria.
       Então ela mandou que eu me sentasse junto das crianças maiores; sacou de uma cartilha difícil de ler e a colocou em minhas mãos. Notei por esse momento, devido a uma olhadela, que a mestra não ia muito com minhas fuças. Assim, a aula começou... os alunos eufóricos, falavam alto, discutiam e a professora nada de interrompê-los. Uma bagunça geral! Até que a danada da mulher, numa fisgada, mirou-me no rosto e bradou: -- meus queridinhos, hoje temos na escola um novato, que por sinal está na quarta série e como de costume, no primeiro dia o texto será lido por ele.
       Então a criatura foi até mim, abriu a bendita cartilha numa página e mandou que eu a lesse. O problema eram meu analfabetismo e minha mentira que logo seriam descobertos.
       Gagueja daqui, suspira de lá e nada de ler  lição! Então a professora com olhar se serpente venenosa, gritou furiosa: -- Você me disse que está na quarta série, mas, qual aluno chega a quarta série sem saber ler!? Ah, seu danado, você mentiu para mim; você não tem é série alguma. Mentiroso! Com essas falas ela concluiu o discurso dizendo: -- amanhã a diretora geral do município, vai vir aqui na escola e, como não dou aula do pré-primário, quem não sabe ler não pode estudar aqui. Dessa feita vou dizer para ela, que você seu Júlio, não pode continuar assistindo as aulas com a turma.
       Disse isso e tomou-me a cartilha da mãos; e riu gostosamente da minha cara, acompanhada é claro, de toda a classe. sem contar que na hora do recreio, moleque de quase dois metros, convidou-me para um duelo; dizendo que iria arrebentar-me em vários pedaços. Eu, omo não era bobo nem nada, caí fora desse embate. Pois, se eu me aventurasse a essa façanha, acho que não me restaria nenhum dos dentes que hoje ainda tenho; e nem preciso explicar porquê. Quando terminou a aula fui para casa, cabisbaixo e tristonho, pensando no fundo da alma: -- e agora? Vou ter que parar de estudar! Pois amanhã a diretora vai saber que não sei ler e, portanto não tenho como continuar a assistir as aulas.
       Cheguei em casa, guardei o embornal -- sacolinha que s usava antigamente para levar os livros e cadernos para a escola -- e fui brincar. havia por aquela região, belas campinas, e bosques fabulosos com árvores frondosas; e então eu já era poeta e não sabia. A noite, tomei um banho de bacia -- era assim que se tomava banho na roça -- e depois do jantar a luz de lamparina -- vasilhame com pavio cheio de querosene ou óleo -- expus o ocorrido a minha mãe. Disse a ela que não poderia continuar meus estudos naquela escola, devido a não estar no mesmo nível que os outros alunos, uma vez que as crianças já sabiam ler e escrever.
       Minha mãe ficou com pena e mesmo com seu pouco conhecimento, abriu um livro e começou a me apresentar as letras. Então um milagre aconteceu... de repente, num estalo, eu consegui ler toda aquela página do livro sozinho. Eu não estava acreditando naquilo. Como de uma hora para outra, alguém pode se alfabetizar? Mas juro por Deus, aconteceu comigo! E minha mãe teve um importante papel nisso tudo.
       Então, feliz da vida fui dormir. Na manhã seguinte segui para a escola, chegando lá, guardei segredo sobre minha misteriosa aprendizagem. A professora por sua vez, nem para o meu lado olhava, desfazendo de mim. Quando deu mais ou menos oito horas, a referida diretora chegou; olhou para a classe e disse: -- bom dia crianças! Disse isso em tom baixo e, começou a conversar com a professora. Conversa vai, conversa vem e logo sobrou para mim; a minha sapientíssima mestra lecionadora apontou-me com o dedo e escandalosamente disse para a diretora: -- olha só, aquele menino começou ontem aqui na escola e logo de cara mentiu para mim, dizendo que estava na quarta série, mas, não é que ele não sabe nem o "A" de cabeça para baixo! sendo assim, não vou ter como ficar com ele aqui, pois temos só um quadro que com grande sacrifício eu o divido entre a terceira e quarta séries... como ele não sabe ler eu creio não poder ajuda-lo. E para provar que estou dizendo a verdade, vou mandar que ele leia alguma coisa para a senhora ver. Dessa forma, as duas foram até mim e tacou a cartilha sobre a velha carteira e, escolhendo um texto aleatoriamente, pediu-me que o lesse.
         Então, com toda mestria li toda a lição de uma golada só; nunca esbanjei tanta fluência como naquela hora. A diretora furiosa com a professora, disse: -- Ora, ora! Muito bonito seu papel como professora, hem! A senhora está me saindo uma bela ignorante, pois, essa criança não só lê maravilhosamente bem, como também tem segurança na transmissão do texto. A professora muito envergonhada me olhou com seus olhos de serpente peçonhenta... provavelmente me estrangularia quando eu ficasse a sós com ela. Virou-se para a diretora com sua face medíocre e tentando se defender, disse: -- senhora diretora, esse rapazinho é um diabo! Pois, fingiu tão bem que acreditei nele. Então, foi a vez da diretora chamar a professora na chincha, dizendo-lhe: olha olha! Quero mudanças nessa escola!... O menino não só deve continuar aqui, como também deve ser incentivado todos os dias, como todas as crianças da classe, e seguir estudando sempre com muito afinco; e não se assuste se eu dizer a senhora que essa criança tem até boa inteligência! tem chances de quando crescer até ser alguém na vida. Disse isso, virou-se, entrou no carro e nunca mais a vi.
     Por essas horas, eu fiquei um tanto ressabiado pensando no que poderia me fazer de mal por vingança aquela mestra maluca e ruim. mas, não é que a megera meio pálida e tremula, mirou-me novamente com o mesmo dedo e disse: -- de onde você saiu, moleque esquisito!? Você é muito falso e mentiroso, acabou com minha reputação! A diretora nunca mais irá confiar em mim. Tudo isso por sua culpa!
      Fiquei no meu canto encolhidinho feito uma cobra que depois de picar se contorce de satisfação... eu havia dado uma lição de boas maneiras naquela charlatã. E pior, nem sei como consegui, pois, um dia antes eu era tão alfabetizado quanto um burro xucro na carroça. Ou seja, era totalmente tapado para as letras. Mas, nesse dia voltei para casa feliz da vida, afinal eu estava lendo com bastante perfeição e esse sempre fora o meu maior sonho.
       Agora podia ler os livros que eu sempre quisera. Não voltei mais naquela escola e, o bom é que meus pais não se importavam quanto a isso, pois para eles estudar era pura perda de tempo na vida. Uma outra coisa que também quero contar aqui e, que marcou minha vida, é sobre a casa em que nós morávamos nessa roça... acreditem ou não, essa casa era assombrada; descobri isso quando meus pais me deram para dormir um quartinho que dava para o corredor. Ali pelas dez horas da noite, todos se recolhiam, fechavam suas portas e eu ficava sozinho no escuro e no único quarto da casa que não tinha porta e dava para o corredor. Naquela casa velha não havia luz elétrica e, quase sempre eu perdia o sono olhando para o corredor escuro que dava para a cozinha.
        Foi quando lá pela meia noite, eu já me borrando de medo, comecei a ouvir panelas caírem, gemidos por todo o ambiente e então senti calafrios pelo corpo inteiro. Era de fato uma tortura. Não via a hora de mudar-me daquela casa. Quando clareava o dia, eu sempre ia até a cozinha para ver se as paredes estavam ainda lá, ou se havia algo quebrado, mas, como sempre, tudo estava em ordem e arrumado.
        Esse fantasma sabia mesmo se divertir a custa do meu medo. Ficamos nessa casa por uns cinco meses, depois, graças a Deus nos mudamos. Passamos uma temporada na cidade (Alfenas) e depois nos mudamos de novo... fomos morar noutra roça. Era uma fazenda pequena com uma casa grande e confortável. meu pai cuidava da ordenha e da pequena lavoura de café que lindamente se formava. o proprietário das terras chamava-se Antônio de Oliveira -- antigo comerciante, bastante conhecido na região -- que por sua vez, apelidara meu pai de "boca rica", esse apelido era devido meu pai não ter dentes... quem não tem dentes não tem por sua vez cáries, nem dores na boca".
       Nessas terras, até que fui feliz! Havia cavalos, não nosso, mas, como éramos responsáveis por tudo ali, podíamos usufruir desses animais. E então decidi aprender cavalgar. Essa é outra história que vou contar a vocês, e que acho muito interessante. Minha primeira montaria foi numa égua parda e sem arreio; quando subi no dorso do animal, tombei do outro lado de prancha no chão. Isso tudo em questão de segundos. A égua me olhava com um olhar do tipo dizendo: -- esse sujeito é um grandessíssimo otário. Levantei-me, bati a poeira e lá fui novamente para cima das costas da tal, outra vez. E então pensei: -- poxa, já sou um cavaleiro! E quase me vi de armadura, lança e escudo. Mas, na verdade eu era apenas um moleque pobre, de bermuda velha, camisa de abotoar rasgada, cara suja e pés no chão.
       Puxei as rédeas, inclinei o pescoço de bichana e como sempre tive idéias brilhantes, resolvi levar o animal para beber água no açude; chegando às margens do lago, olhei os freios na boca da égua, fiquei com dó e os tirei, pois, desse modo eu jurava estar ajudando o animal a se sentir melhor e mais a vontade. Mas, o problema é que a danada quando percebeu que eu era de fato um idiota, resolveu nadar um pouco, e o pior, me levando nas costas. Foi entrando na água e dali a pouco, estávamos no meio do açude; e como ela estava solta, sem cabresto, não conseguia faze-la voltar as margens, tive de ser muito paciente enquanto navegávamos por todos os cantos da represa. Até que uma hora o animal se cansou e voltou por sua livre e espontânea vontade para o seco.
        E assim, aprendi uma tremenda lição...  nunca seja estúpido o suficiente para confiar num animal; principalmente nos cavalos. Pois eles poderão sacanear muito com você! Meu pai me acordava todos os dias às cinco da matina para pegar o cavalo no pasto, para depois da ordenha das vacas levar o leite até o ponto onde o caminhão leiteiro passava. O problema é que era inverno e o pasto estava muito congelado, me molhava todo; foram assim todas as manhãs da minha infância.
         Por essa época, eu já havia me matriculado na nova escola; iria fazer a primeira série do antigo primeiro grau. Eu ia sempre a pé e descalço pisando nos pedregulhos, machucando sempre as pontas dos dedos, era um inferno, mas, mesmo assim eu gostava de assistir as aulas. Minha professora se chamava Lyris... era uma boa mulher dentro do contexto de uma escola rural. Logo me acostumei com ela e com meus colegas de classe. Estudei nessa escola por quatro anos e bombei (repetir de ano) na quarta série, devido as minhas faltas... eu havia faltado quase metade do ano para apanhar café e assim ganhar um dinheirinho para comprar uma camisa da seleção brasileira. Estávamos em plena copa do mundo de mil novecentos e oitenta e alguma coisa -- não me lembro direito da data -- mas, isso me custou caro, o Brasil perdeu a copa e eu perdi o ano escolar.
       Desanimado, saí da escola, parei de estudar. Nessa levada, nos mudamos mais outras tantas vezes para outras tantas fazendas. lembro-me agora de uma em que morávamos, cujo fazendeiro se chamava Dalmo. Lá aconteceu uma coisa muito interessante... por essa época eu tinha uns quatorze anos e minha obrigação como sempre era levar o leite até o ponto do leiteiro. O problema era que a égua que puxava a carroça estava em estado de gravidez avançado e, já não podia fazer muito esforço. A solução era uma mula que havia por lá; mas, essa danada era manhosa... quando a gente punha-lhe a carroça, o animal ia de ré até bater em alguma coisa, ou cair num buraco. Meu pai pelejou com ela tentando domesticá-la, mas, sem sucesso, desistiu. O chefe dele vendo a situação daquele animal resolveu sacrificá-lo. Mas, não sei porquê, mais uma vez fui tentar por a mula na carroça... pus o baixeiro no lombo dela e prendi a carroça. mas, antes de tudo falei baixinho ao seu ouvido: -- olha, é melhor você puxar a carroça, caso contrário você será morta, portanto se tem alguma inteligência é melhor fazer o seu trabalho! E não é que deu certo! A mula puxou a carroça... subindo e descendo morros com quatro grandes latões de leita. De fato, se tornou o melhor animal de carroça daquela fazenda. E meu pai para ganhar pontos com seu chefe, disse que fora ele quem endireitou a desobediência da mula. Eu bem sabia que a história havia sido muito diferente. No entanto, fiquei calado, pois, para mim o importante era o animal continuar vivendo.
         Hoje quando penso nessa ocorrência imagino que fora Deus quem fez aquela mula entender minhas palavras. Por essa época, eu ainda tinha uns quatorze anos e já havia parado de estudar, tinha que trabalhar o tempo todo para ajudar em casa.
        Mudamos para outras tantas fazendas, até que me vi com dezessete anos, trabalhando na lavoura de café de uma grande propriedade, na região de Machado no sul de Minas Gerais. Cansado daquela vida, desentendi-me com meu pai, o enfrentei para defender minha mãe, pedi as contas e mudei-me para Alfenas, também no sul de Minas Gerais -- por sinal minha cidade natal -- quando completei dezoito anos, resolvi voltar a estudar; mas, estava muito atrasado e por isso optei pelo módulo supletivo... confesso que por essa época mal sabia ler e escrever. Fiz primeiro e segundo graus por correspondência numa escola chamada Instituto Universal Brasileiro. Fazendo as provas em órgãos oficiais, sempre com mais dificuldade em matemática. Foi por essa data que comecei a ter meus primeiros contatos com a literatura... estudando autores estrangeiros e brasileiros; e frequentar a biblioteca de minha cidade. Nessa fase, pude ler também traduções de obras clássicas como: Os Lusíadas do Vate Camões, Paraíso Perdido do eterno poeta Inglês Milton; A Divina Comédia do italiano dante, Odisséia e Ilíada do gigante épico Homéro, Eneida do sublime Virgílio e vários outros autores e obras de cunho universal.
          Hoje, no final de dois mil e dezenove, estou com quarenta e sete anos e mais de vinte dedicados ao mundo literário; alguns milheiros de poemas e uma vida cheia de sonhos ainda por realizar. Como sou sagitariano nunca desisto do que almejo. Sendo assim, espero produzir outros tantos projetos que guardo na gaveta do meu cofre cerebral. E que Deus me ajude!

(texto extraído do livro RUBRO CORAÇÃO de autoria do poeta Júlio Dalvorine)
    

sábado, 19 de outubro de 2019

Olá meus queridos visitantes e seguidores, hoje é dia do poeta e, pensando nisso, compus um poema dedicado a todas essas almas que cultuam as Musas. Eis o poema:

UM DIA INTEIRO COM MEUS LIVROS

Em minha estante mental,
topei com alguns autores
Fernando Sabino e Chacal,
temperava os meus andores...

Também Jorge Luis Borges e Pablo Neruda
não me negaram ajuda, correram logo a dizer:
-- se queres ler boas rimas
procure bem lá em cima, um tal de Almeida Garret.

E toma a prece da criação verbal,
e se não saciares a alma, vá com calma,
tendes um livrinho antigo,
do tempo do bom amigo, Balzac da minha paixão.

Em volta de tantos compêndios,
versados autores de outros tempos,
da cavalaria só restavam,
páginas corroídas e amarelas palavras...

E do lado de trás da estante, próximo à parede,
notei um Vate de capa grande e verde,
corpo magro e um olho furado;
só podia ser Luis Vás de Camões em seu guinete.

De repente um vento soprou mais forte,
sei lá se por acaso ou sorte,
em minhas mãos veio parar Fernando Pessoa;
com sua obra moderna e boa.

Dessa forma não via às horas passarem,
em minha estante os livros se ajeitavam,
então percebi que os poetas não morrem, descansam;
e se transformam em livros, com toda sua equipagem.

(Poeta Júlio Dalvorine)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Olá meus queridos visitantes e seguidores do canal "Arte e Cultura", sou o poeta Júlio Dalvorine e postei mais este poema autoral para vocês:

GOTAS DE LUZ

Baila Nereida dos meus sonhos,
vivamos o doce sabor da vida;
e no bater das ondas na praia,
não caia, muita areia em seu vestido.

Pois a lua está a responder lá do alto,
assinalando toda minha alegria;
e tomei-lhe um beijo de assalto,
no ato, da beleza sua.

Quisera mil vidas durar meu destino,
ser homem, velho, depois menino;
e trazer na alma muito sério,
a marca que trovo e rimo.

Portanto baila Nereida dos meus sonhos,
que sigo compondo cantorias;
e feito falcão respondo,
em versos o que amo e sinto...

Temos o céu estrelado,
o vento soprando calado;
o mar de pele dourada,
e o infinito nobre e distinto.

Seus olhos, afirmo seguro: são gotas de luz,
que reflete em mim sem descanso;
o peso imenso da cruz,
que arrasto por seus cachos ruivos.

Fiquem todos com Deus e até a próxima postagem!

(Poeta Júlio Dalvorine)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Caderno de Poesias (1) - Maria Bethânia. Só aqui no canal "Arte e Cultura" viva a poesia brasileira!

Caderno de Poesias (1) - Maria Bethânia. Só aqui no canal "Arte e Cultura" viva a poesia brasileira!

Olá meus queridos visitantes e seguidores do canal "Arte e Cultura", sou o poeta Júlio Dalvorine e estou muito feliz por trabalhar no desenvolvimento deste canal. Hoje postarei mais um poema de minha autoria; espero que seja do agrado de todos.

POETA ESQUECIDO

Havia chuva no céu,
os ares estavam pesados,
e meu coração chorava
carente e sozinho...

Minha alma gritava,
se rasgava em fúria;
números, muitos números
rabiscavam meu tempo.

Era eu e o mundo
numa queda de braços;
e todo meu cansaço
se lavava com a chuva.

Eu havia engolido a poesia,
o verbo me faltava;
e como um câncer aumentava
a cada dia um pouco mais minha aflição.

Olhei atento para o meu segredo,
livro antigo com páginas rasgadas;
e na curva da minha estrada abandonada,
pela última vez vi o vulto daquela que tanto amei.

Eu, poeta esquecido,
jogado num canto feito brinquedo velho;
e por mais que fui sincero não me ouviram,
escarneceram das minhas Musas sagradas.

Mas feito guerreiro me ergui,
vesti minha armadura de prata;
e novamente fui para a batalha dos Vates,
com a pena numa das mãos e o livro de versos noutra.

(Poeta Júlio Dalvorine)

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

         Olá meus amados visitantes e seguidores do canal Arte e Cultura, eu o poeta Júlio Dalvorine hoje decidi apresentar para vocês um texto com o tema "SER IMORTAL", é legal, espero que todos curtam.

SER IMORTAL

"... Ser imortal é insignificante; com exceção do homem, todas as criaturas o são, pois ignoram a morte; o divino, o terrível, o incompreensível é saber-se imortal. Tenho notado que, apesar das religiões, essa convicção é raríssima. Israelitas e muçulmanos professam a imortalidade, mas a veneração que tributam ao primeiro século prova que só creem nele, já que destinam todos os demais, em número infinito, a premia-lo ou a castiga-lo. Mais razoável me parece a roda de certas religiões do Industão; nessa roda, que não tem princípio nem fim, cada vida é efeito da anterior e gera a seguinte, mas nenhuma determina o conjunto... Doutrinada num exercício de séculos, a república de homens imortais atingira a perfeição da tolerância e quase do desdém. Sabia que em um prazo infinito ocorrem a todo homem todas as coisas. Por suas passadas ou futuras virtudes, todo homem é credor de toda bondade, mas também de toda traição, por suas infâmias do passado ou do futuro. Assim como nos jogos de azar, os números pares e os números ímpares tendem ao equilíbrio, assim também se anulam e se corrigem o talento e a estupidez, e talvez o rústico poema de Cid seja o contrapeso exigido por um único epíteto das Églogas ou por uma sentença de Heráclito. O pensamento mais fugaz obedece a um desenho invisível e pode coroar, ou inaugurar, uma forma secreta. Sei dos que praticavam o mal para que nos séculos futuros resultasse o bem, ou tivesse resultado nos já pretéritos... Encarados assim, todos os nossos atos são justos, mas também são indiferentes. Não há méritos morais ou intelectuais. Homero compôs a "Odisséia"; postulado um prazo infinito, com infinitas circunstâncias e mudanças, o impossível seria não compor, sequer uma vez, a Odisséia. Ninguém é alguém, um só homem imortal é todos os homens. Como Cornélho Agripa, sou deus, sou herói, sou filósofo, sou demônio e sou mundo, o que é uma fatigante maneira de dizer que não sou.

(Poeta Júlio Dalvorine)

domingo, 13 de outubro de 2019

Resenha - "Eneida" (Virgílio) só aqui no canal Arte e Cultura

Resenha - "Eneida" (Virgílio) só aqui no canal Arte e Cultura

Gandhi - Documentário (Arquivo N) só aqui no canal Arte e Cultura

Gandhi - Documentário (Arquivo N) só aqui no canal Arte e Cultura

Olá meus queridos leitores, visitantes e seguidores. Eu o poeta Júlio Dalvorine publiquei mais um de meus poemas autorais. E do fundo do coração espero que todos vocês gostem:

O HOMEM QUE LIA... LIA

Naquele instante,
tudo parecia calmo...
O livro de alquimia sobre a mesa
e a janela entreaberta para a noite.

Fazia frio, era mês de junho;
as moitas de capim elefante
agitavam-se no compasso frenético do vento insistente,
enquanto no bule fervilhava o saboroso café.

Uma sensação de distância me sobrecaiu,
e não tive dúvida, algo mudara.
Vesti meu pijama e voltei para a sala...
Minhas leituras eram intermináveis!

Folheei uma, duas, três vezes a mesma página,
mas sem chegar a um entendimento satisfatório;
a reli outras tantas vezes, até que me acalmei.

Mal dera três da manhã e já estava desperto outra vez;
abri a janela e vi uma enorme estrela
que magistralmente enriquecia ainda mais,
meus sonhos descabidos de poeta.

Contemplei as montanhas envoltas em sombras,
e ouvi lá longe o canto bíblico de um galo...
Logo o sol estaria sobre minha cabeça,
e eu teria perdido mais uma vez o regalo do amanhecer...

Dessa maneira achei de bom tamanho,
voltar para cama e terminar minha noite;
estava ansioso, mas, não decifrei a página do livro.
Então estabeleci a mim mesmo: começaria do inicio tudo outra vez.

Queridos leitores, seguidores e visitantes do canal Arte e Cultura, me despeço por hoje mas, logo, logo, estarei publicando mais coisas enriquecedoras nesse canal. Levando arte e cultura para todos!

         (Poeta Júlio Dalvorine)

sábado, 12 de outubro de 2019

História da vida Santa Teresinha do Menino Jesus (1873 -1897) - Santa da...

Santa Teresinha - Novena das rosas religiosidade também é aqui no canal Arte e Cultura

Recital de poesias Sete Vozes de Drummond só aqui no canal Arte e Cultura

Recital de poesias Sete Vozes de Drummond só aqui no canal Arte e Cultura

Saudações meus amados visitantes e seguidores, hoje vou publicar aqui no canal Arte e Cultura mais um poema autoral. O compus há algum tempo. Espero que gostem!

QUALQUER FORMA

Não quero olhar para o lado,
e respirar coisas ruins.
Nem quero chorar isolado
num quarto qualquer sem luz.

Quero a flor das primaveras,
enfeitando meu jardim secreto;
e talvez dormir sossegado
no embalo da minha rede de estrelas.

A noite lá fora corrompe,
e sonhos cruéis me invadem;
não tenho mais brilho nos olhos,
mas posso ver a face de quem me idealiza.

Poeta e poesia se confundem,
misturam-se numa obra sem fim;
então deixem que eu siga para qualquer parte,
até mesmo para dentro de mim.

Minha literatura é um grito,
de horror e de exclamação...
Pois nela vai fundo um gemido,
de dor e extrema profanação.

Feito Titã a beira de um precipício,
assim meus versos se recolhem;
e o livro se encerra em formas disformes
e novamente sou reconstrutor interino de mim.

Fiquem todos com Deus e até a próxima postagem!

(Poeta Júlio Dalvorine)

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Carl Orff: Carmina Burana só aqui no canal Arte e Cultura

Meus amados visitantes e seguidores é com imensa satisfação que publico mais um de meus poemas autorais, me sinto muito feliz de poder escrever para vocês, faz-me imenso bem compartilhar um pouquinho que seja de mim para meus leitores. E aqui no canal arte e cultura a intenção é essa, "compartilhar conhecimentos". O que Deus deu de graça, de graça deve ser dado.

REDE DE IDÉIAS

Mesmo que os dias passem
e as noites fujam,
não tecerei minha manta de cetim,
nem prenderei minhas palavras
na prisão dos ideais do mundo.

Serei afável a liberdade;
e manso de coração.
Porei doçura nos frutos amargos,
construirei pontes para os cansados,
e dormirei junto ao descanso da multidão.

E antes que as estrelas desapareçam
na claridade dos dias,
cobrirei os oceanos e os montes
e vestirei de fantasia a imensidão dos campos;
tocando em minha harpa uma canção suave.

E quando todas as coisas estiverem perdidas,
descerei lentamente os degraus das espécies
e erguerei novas muralhas, plantarei ciprestes;
farei honrarias e propostas,
a todos que quiserem ouvir minhas palavras.

E depois do sétimo dia colherei trigo,
nos campos férteis da imaginação dos esquecidos;
transformando passado e presente,
numa coisa diferente de tudo até hoje já pensado,
na desconstrução dos pensamentos e dos fatos.
E quando a lua receber o anoitecer,
estarei dormindo embaixo das estrelas.

(Júlio Dalvorine)


quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Olá queridos seguidores e visitantes do canal Arte e Cultura, refletindo um pouco sobre a arte da criação artística compus um pequeno texto que segue abaixo:

SOBRE A CRIAÇÃO LITERÁRIA

         Para muitos escritores o que mais amedronta é uma folha em branco. Pensa-se logo o que colocar nela e, vão mil pensamentos na caixola, o olhar divaga pelo espaço buscando assunto e razão para iniciar um texto. As mãos suam, o corpo treme e a alma vibra em desespero extremo. Virgílio o grande vate romano para criar sentava-se embaixo de uma árvore, olhava para o rebanho de ovelhas e talvez implorando aos deuses pedia inspiração. E por certo que vinha-lhe as nove Musas e cada uma soprava-lhe por toda a fronte coroada de louro, então seus olhos brilhavam e um belo e imortal poema nascia de suas mãos.
         Já foi dito que um poema é noventa por cento de trabalho e dez por cento de inspiração. Do meu ponto de vista o poema é todo, inteirinho inspiração. Já escrevi mais de quinze mil poemas e nunca trabalhei para isso. Faço como Virgílio, relaxo em algum lugar confortável, penso em Deus e de repente feito magia minha folha em branco cobre-se de símbolos, formando o novo poema. Acho que a palavra chave é acreditar e confiar no talento inato que carregamos sempre conosco.

                                                (Júlio Dalvorine)  

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Alá meus queridos visitantes e seguidores, hoje compus mais um poema e vou publica-lo pra vocês. Espero que todos vocês gostem:

ALFA E ÔMEGA

Deixe que a terra consuma
o fogo da alma dos homens.
E que voe liberto o pássaro
ainda que seja tarde.

Nada se avulta no horizonte,
nem mares, nem ouro, nem pontes;
e o menino com olhos de poeta
dorme sonhando com outras eras.

Não é a perna o tamanho dos passos,
mas sim a coragem e o vigor do corpo.
Pois além do que se lê nas estrelas
estão os dragões seculares que nos olham de cima.

As vezes um momento basta,
para que recoloquemos o casaco;
penteemos o cabelo e nos mostremos
da mesma forma que imaginávamos que não éramos.

E de repente tudo para...
os carros na rua, a chuva torrencial nos prados,
o riso do vizinho embriagado;
tudo, até mesmo os nossos pensamentos.

Até que num estalo tudo volta;
então percebemos que estávamos longe,
e que nossas asas se cansaram;
fazendo-nos renascer a todo momento em nós mesmos;
exatamente como éramos...

Júlio Dalvorine

domingo, 6 de outubro de 2019

O Universo de Stephen Hawking - legendado-pt-br (parte01)Só aqui no canal Arte e Cultura

O Universo de Stephen Hawking - legendado-pt-br (parte01)Só aqui no canal Arte e Cultura

A Misteriosa Foto do Buraco Negro - PARTE 2 - Chegamos as Simulações

A Misteriosa Foto do Buraco Negro - PARTE 2 - Chegamos as Simulações

A Misteriosa Foto do Buraco Negro - PARTE 1 - A Tecnologia para Obter a ...

A Misteriosa Foto do Buraco Negro - PARTE 1 - A Tecnologia para Obter a ...

Bruce Lee's The Game Of Death My Cut no canal Arte e Cultura

Bruce Lee's The Game Of Death My Cut no canal Arte e Cultura

Michael Jackson, Prince & James Brown no canal Arte e Cultura

Michael Jackson, Prince & James Brown no canal Arte e Cultura

sábado, 5 de outubro de 2019

Olá meus queridos seguidores e visitantes, hoje tomei nas mãos um livro do grande poeta simbolista brasileiro e, resolvi publicar neste canal um de seus lindos sonetos. João da Cruz e Sousa nasceu a 24 de novembro de 1862 na cidade do desterro atual Florianópolis, capital da então província de Santa Catarina. Filho de dois escravos, trazia nas artérias sangue sem mescla da Africa. Sofreu muito preconceito, perdeu filhos e mulher de tuberculose e veio a falecer em Minas Gerais também de tuberculose no ano de 1898. Sua obra apresenta um simbolismo místico e belo. Segue abaixo o seu soneto:

RÉQUIEM DO SOL

Águia triste do Tédio, sol cansado.
Velho guerreiro das batalhas fortes!
Das ilusões as trêmulas coortes
Buscam a luz do teu clarão magoado...

A tremenda avalanche do Passado
Que arrebatou tantos milhões de mortes
Passa em tropel de trágicos Mavortes
Sobre o teu coração ensanguentado...

Do alto dominas vastidões supremas,
Águia do tédio presa nas algemas
Da legenda imortal que tudo engelha...

Mas lá, na Eternidade de onde habitas,
Vagam finas tristezas infinitas,
Todo o mistério da beleza velha!

É isso ai meus amados espero que curtam este chorado soneto de homem que sofreu tantos preconceito e hoje seu nome brilha na eternidade. Abraços a até mais!

Elvis Presley in concert - june 19, 1977 Omaha best quality só aqui no canal Arte e Cultura