quarta-feira, 19 de junho de 2019

Olá meus amados, hoje vou falar-lhes de um dos mais importantes escritores do mundo, Jorge Luis Borges. Nasceu em Buenos Aires em 1899. Autor de poemas, novelas e ensaios. Foi um dos fundadores do movimento ultraísta. Sua imaginação criadora, sua visão filosófica da vida, seu domínio da expressão verbal e metafórica asseguraram-lhe uma posição de destaque na literatura de língua espanhola. Suas principais obras são:
*Fervor de Buenos aires(poesia)
*História Universal da infâmia(conto)
*Ficções(conto)
Borges faleceu em Genebra, 1986 com 87 anos.

Para ilustrar um pouco da sua escrita e dos seus temas, vou transcrever um trecho da obra O Aleph:

"Ser imortal é insignificante; com exceção do homem, todas as criaturas o são, pois ignoram a morte; o divino, o terrível, o incompreensível é saber-se imortal. Tenho notado que, apesar das religiões, essa convicção é raríssima. Israelitas, cristãos e mulçulmanos professam a imortalidade, mas a veneração que atributam o primeiro século prova que só creem nele, já que destinam todos os demais, em número infinito, a premia-lo ou a castiga-lo. mais razoável me parece a roda de certas religiões do Industão; nessa roda, que não tem princípio nem fim, cada vida é efeito da anterior e gera a seguinte, mas nenhuma determina o conjunto... Doutrinada num exercício de séculos, a república de homens imortais atingira a perfeição da tolerância e quase do desdém. Sabia que em prazo infinito ocorrem a todo homem todas as coisas. Por suas passadas ou futuras virtudes, todo homem é credor de toda bondade, mas também de toda tração, por suas infâmias do passado ou do futuro. Assim como nos jogos de azar, os números pares e os números ímpares tendem ao equilíbrio, assim também se anulam e se corrigem o talento e a estupidez, e talvez o rústico poema de Cid seja o contrapeso exigido por um único epíteto das Éclogas ou por uma sentença de Heráclito. O pensamento mais fugaz obedece a um desenho invisível e pode coroar, ou inaugurar, uma forma secreta. Sei dos que praticavam o mal para que nos séculos futuros resultasse o bem, ou tivesse resultado nos já pretéritos... Encarados assim, todos os nossos atos são justos, mas também são indiferentes. Não há méritos morais ou intelectuais. Homero compôs a Odisséia; postulado um prazo infinito, com infinitas circunstâncias e mudanças, o impossível seria compor, sequer uma vez, a Odisséia. Ninguém é alguém, um só homem imortal é todos os homens. Como Cornélho Agripa, sou deus, sou herói, sou filósofo, sou demônio e sou mundo, o que é uma fatigante maneira de dizer que não sou".

Abraços a todos, Júlio Dalvorine
19/06/2019

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