segunda-feira, 17 de junho de 2019

Olá meus queridos, hoje resolvi publicar um pequeno conto; espero que vocês gostem:

(O MISTÉRIO DO QUADRO)

             Ana Lúcia, uma bela jovem de longos cabelos negros, olhos grandes esverdeados e boca carnuda...
tudo muito bem distribuido da altura de seus dezoito aninhos. Um encanto não fosse essa figura fruto da imaginação de um artista plastico. Sim, um mágico dos pincéis! Pintara muitas telas em sua longa vida, mas aquele seu último quadro era de fato especial... varou noites para retocar uma simples sombra e mais outras tantas para aperfeiçoar as delicadas maçãs do rosto. E o resultado foi que nasceu uma belíssima obra de arte.
            Quem era a jovem por detrás das molduras douradas, perguntavam os amigos, mas o artista sempre recusava dar qualquer explicação... virando o rosto, disfarçava o semblante. Até que numa noite, num desses momentos solitários o velho em plena contemplação se viu transportado para o mundo que criara naquela tela e, jogado por entre montanhas avistou um lindo jardim e a sua beira uma jovem com vestido claro o esperava de mãos estendidas. Era inegável a surpresa do velho. O que teria acontecido? É o que  perguntava a si mesmo. Teria ficado louco e de vez perdido o limite entre o real e o imaginário? Olhou para o céu, para os montes e voltou-se para a bela moça misteriosa. Caminhara um ou dois passos e já se viu face a face com ela.
              O vento agitava os canteiros e fazia com que tudo ficasse perfumado. Que mundo era aquela? Teria ganhado vida todos os temas em aquarela e o que antes era mero talento tornara-se vivo e resplandecente? O fato é que podia sentir a maciez da pele, o sopro dos lábios.
              Uma emoção sem igual tomou posse de sua alma e o velho artista quis ficar ali para sempre. Abandonaria tudo do outro lado por uma coisa que nem sabia o que era? Esqueceria suas razões mais íntimas e violaria seus limites para perpetuar o ápice de sua arte maior até o momento desconhecida por ele mesmo?
              Quis voltar, mas não saia de dentro do quadro. podia ver tudo do outro lado, mas, estava preso em seus próprios sonhos. A moça o tomou pelas mãos e juntos desapareceram por entre o imenso jardim. Com o passar do tempo e dando por falta do velho, seus amigos o encontraram sem vida com um pincel por entre os dedos diante de uma tela inacabada.

                                                                                 (Júlio Dalvorine)

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