segunda-feira, 5 de agosto de 2019

        Saudações meus amados leitores do blog arte e cultura. Há um bom tempo venho postando nesse site artigos ligados ao mundo da cultura em geral, e tenho sido agraciado por ainda acreditar e apostar nessa riqueza espiritual que é a arte. Só tenho a agradecer a todos que me acompanham e a Deus que me deu o dom de olhar para algo mais que o mero cotidiano capitalista do mundo em que vivemos. Hoje meus queridos, falarei um pouquinho de uma grande personalidade mineira do século XVIII. Me refiro ao ilustríssimo poeta Tomás Antônio Gonzaga, também conhecido por Dirceu:

      Tomás Antônio Gonzaga nasceu no Porto (Portugal), no ano de 1744, e morreu em Moçambique (Africa), em maio de 1807. Tendo sido seu pai nomeado para o cargo de Ouvidor de Pernambuco (1759), veio ao Brasil, juntamente com sua família. Fez seus estudos no colégio dos Jesuítas, na Bahia. Voltou a Coimbra, onde se doutorou em cânones, pela Universidade. Em Portugal, ocupa o cargo de Juiz de Beja. Regressa ao Brasil, em 1782, ocupando o cargo de Ouvidor de Vila Rica MG. Em 1786, transfere-se para a Bahia, onde ocuparia o cargo de Desembargador. Destacou-se como uma das figuras mais importantes da Incia Mineira e, por isso, foi preso em 1789 e enviado para o Rio de Janeiro, onde ficou encarcerado; depois, foi degredado para Moçambique. Na África, passado um ano, casa-se com D. Juliana de Souza Mascarenhas. Participa de várias contendas politicas. Morreu louco em 1807. os seus restos mortais foram trazidos para o Brasil, em 1937. Gonzaga ficou famoso devido ao seu heroísmo de inconfidente e ao amor que dedicou a Maria Dorotéia de Seixas, a Marília, cujo amor lhe despertou a vida poética. Numa de suas liras, confessa ter queimado todos os poemas escritos antes de conhecer Marília, em homenagem a ela.
       Condenado ao exílio, não encontrou o apoio em Marília, que não o quis acompanhar. Casou-se no degredo. talvez o amor de Marília tenha sido a causa de sua loucura. Escreveu composições líricas, as quais denominou de liras. Estas foram publicadas com o nome de "Marília de Dirceu" e divididas em três partes: antes de ser preso, depois, e antes de ter ido para Vila Rica. Depois do rompimento com Marília, seus versos se tornam melancólicos e emotivos. Sua poesia antes era espontânea, colorida e expressiva, apresentando composições e imagens diferentes. Gonzaga é considerado o precursor do Romantismo, apesar de ser arcádico.
        Obras: "Marília de Dirceu", uma das obras principais da literatura brasileira. Aqui fala o coração do poeta. Teve como inspiração o amor de Marília, que culminou em tragédia. De estilo simples, linguagem pura e métrica perfeita.
        "Cartas chilenas", obra escrita em versos decassílabos; está dividida em treze epístolas, duas das quais sem terminar. É uma sátira à época e à corrupção moral que reinava durante o governo de D. Luís da Cunha Pacheco Meneses, que possuía nas cartas o pseudônimo de Fanfarrão Minésio ou "o Rei dos Peraltas". Todos os nomes que figuram nas cartas são fictícios. Os nomes Minas e Vila Rica foram substituídos, respectivamente, por Chile e Santiago, isso feito para enganar a força policial da época. O nome Critilo segundo os estudiosos ao próprio Tomás Antônio Gonzaga, e Doroteu, ao seu amigo e cúmplice Cláudio Manuel da Costa. As Cartas Chilenas são de fato boa expressão do ambiente de agitação e revolta que produziu a famosa Inconfidência Mineira. Com o fim trágico deste movimento, os seus manuscritos foram inutilizados ou escondidos. Somente em 1845 foi publicado a sua primeira edição. também são suas obras: "Tratado de direito natural" e "Carta sobre a usura", publicadas em 1944 e 1957, respectivamente. Abaixo, darei um pequeno trecho de sua obra cardial, "Marília de Dirceu":

MARÍLIA DE DIRCEU

Pintam, Marília, os poetas
a um menino vendado
com uma aljava de setas,
arco empunhado na mão;
ligeira asas nos ombros,
o tenro corpo despido,
e de Amor ou de Cupido
são os nomes que lhe dão.

Porém eu, Marília, nego,
que assim seja Amor, pois ele
nem é moço nem é cego,
nem setas nem asas tem.
Ora pois, eu vou formar-lhe
um retrato mais perfeito,
que ele já feriu meu peito:
por isso o conheço bem.

os seus compridos cabelos,
que sobre as costas ondeiam,
são que os de Apolo mais belos,
mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
e com o branco do rosto
fazem, Marília, um composto
da mais formosa união.

Tem redondo e lisa testa,
arqueadas sobrancelhas,
e seus olhos são uns sóis.
Aqui vence Amor ao Céu:
que no dia luminoso
o céu tem um sol formoso,
e o travesso amor tem dois...

Bem galera, espero que tenham gostado do artigo e sem mais por agora, até a próxima!
 
         

   

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