quinta-feira, 24 de outubro de 2019

          Olá pessoal que me segue no canal "Arte e Cultura", sou o poeta Júlio Dalvorine e, hoje postarei pra vocês um artigo interessantíssimo sobre um mestre da literatura universal. Abraços a todos e espero que este texto seja de bom aproveitamento cultural e intelectual para estudantes, e a todo público interessado nas coisas do mundo das letras e do pensamento.

      UM POUCO SOBRE A OBRA DE HONORÉ DE BALZAC E SEU PENSAMENTO

          Como Shakepeare, balzac pinta todas as variedades de tipos humanos -- tanto as sombras como as luzes. E, como Shakespeare, ele não deixa contaminar-se pelas doenças mentais e pelas degradações morais que escolheu para descrever. Pinta a decadência e a queda da nobreza e o aparecimento da burguesia -- o banqueiro, o caçador de fortuna, o novo rico. Seus romances são a epopéia da cobiça sórdida, uma incoesível de êxito material. Balzac é o poeta-mor do ímpeto capitalista. O dinheiro é o único critério para medir a dignidade do homem. É o sangue que corre nas veias dos seus tipos. fornece-lhes o oxigênio para os pulmões, o alimento para o cérebro e o evangelho para o coração. O tinir das moedas é sua música, sua poesia, sua filosofia, sua religião, sua vida. É o objeto dos seus sonhos. Sob a magia do ouro criam beleza e perpetuam crimes. A bolsa é a arena de batalhas heroicas e de traições infames. O dinheiro se reproduz, a moeda atrai a moeda, uma nota de cinco francos tem ciúmes de uma de dez e luta para crescer. O dinheiro é a força cósmica que domina a terra. É Próspero e Caliban, o deus e o diabo que abalam o mundo.
          Balzac entra pomposo pelos salões a dentro, pelos escritórios comerciais e rasga o véu da hipocrisia que cobre suas personagens, desnuda-lhes as almas. Mas desdenha julgá-las. Pois, como poderia fazê-lo? O homem classifica todas as coisas por abstrações -- bem e mal, virtude e vício -- palavras que tem significado diferente para povos diferentes. A justiça do homem é cega. "somente Deus vê em sua justiça". E que dizer-se desta tola terra em que vivemos? "Existirá ela num universo de loucura?" A esta pergunta Balzac dá uma resposta negativa. O universo move-se para um fim lógico e este fim não pode ser uma sociedade organizada como a nossa. Um terrível vácuo existe entre nós e o céu. O homem não é uma criação realizada inteiramente; se o fosse, Deus não o seria. No entanto, de tudo isto, " do espetáculo de nossa sociedade -- essa sociedade na qual a filantropia é um erro magnífico e o progresso apenas um grito sem significação -- eu obtive uma confirmação da verdade: que a vida está dentro de nós e não fora de nós; que elevar-nos acima dos nossos semelhantes com o proposito de dirigí-los é apenas glorificar a carreira de um mestre -- escola; e que os homens bastantes fortes para se elevarem ao nível de onde possam gozar a vida do céu, não devem voltar as vistas para os próprios pés."
          Com esta filosofia a guiá-lo, Balzac dividiu os povos do mundo não em heróis e vilões, homens bons e maus, mas em agentes, pensadores e videntes. No nível mais baixo colocou os homens de ação: os lutadores, os comerciantes, os cambistas, os campeões da atividade e da energia. Em seguida vem os homens de pensamento: os cientistas, os eruditos, os filósofos, os professores, os dirigentes. Por fim vem os homens de visão: os poetas, os artistas, os músicos, os profetas, os salvadores do mundo. É o destino do homem, acreditava Balzac, elevar-se da ação à visão, através da abstração. E então, ao alcançar o último degrau, a carne material do homem retornará à sua origem divina: o mundo espiritual de Deus...
          Balzac nunca chegou a completar seu plano grandioso. Ele era mais um artista que um artífice. E  somente este último pode levar a cabo sua missão. Cada romance que compõe a COMÉDIA HUMANA foi escrito numa febre de trabalho. Seu estilo era obscuro. O fogo de sua inspiração era frequentemente obscurecido pelo fumo de uma fraseologia pesada. mas até o fim de sua vida ele lutou com o peso de sua criação e deixou um monumento imponente na sua força, apesar de não completamente terminado.

(texto extraído da obra: VIDAS DE GRANDES ROMANCISTAS)
autoria de HENRY THOMAS
traduzido por JAMES AMADO
e postado pelo poeta JÚLIO DALVORINE
 

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